Ações afirmativas não são suficientes para combater o racismo, avalia cordenador

17/03/2009 - 21h48

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Criadas para promover a igualdade de oportunidades em diversas áreas e dinamizar a participação representativa de segmentos da sociedade, as ações afirmativas não são suficientes para resolver os problemas de discriminação. A avaliação é do cientista social Carlos Alberto Medeiros, que assumiu hoje (17), a Coordenadoria de Igualdade Racial da capital fluminense.O novo cordenador destacou, no entanto, que a criação de ações afirmativas como as cotas raciais, fazem com que a sociedade reflita sobre o racismo. “Ações afirmativas não resolvem 400 anos de exclusão. Mas uma efeito inegável é o fato de obrigarem a discussão sobre a questão de raça, que é considerada incômoda, desagradável, pertubadora e desnecessária”, afirmou.Ao falar sobre as metas da recém-criada coordenadoria, Medeiros defendeu ações transversais, envolvendo vários órgãos de governos e a iniciativa privada. Destacou a aplicação da lei que obriga o ensino da cultura afro-brasileira e indígena nas escolas, a capacitação profissional de jovens de comunidades carentes e pesquisas sobre a discriminação no mercado de trabalho.“Alguém como eu, que já passou pela discriminação no mercado, tem a forte indicação desse problema. Só que isso ainda não está provado. Precisamos de uma pesquisa de sintonia fina, na qual serão enviados [para uma entrevista], por exemplo, pretos e brancos com um currículo equivalente, com idade e roupas controladas. Caso ocorra alguma discrepância, será possível avaliar a discriminação”, completou.O estudo pode custar até U$ 100 mil e deve ser feito por instituições de ensino e órgãos do governo que já se interessaram pela idéia.Em parcerias com outros órgãos, a coordenadoria quer também tratar de temas como a intolerêcia religiosa, a situação dos quilombos urbanos e problemas de saúde da população negra como a anemia falciforme. Segundo Medeiros, o objetivo é atender reivindicações da comunidade, “não inventar a roda”.Dessa maneira, ele pretende aproveitar os debates da conferência municipal de igualdade racial, a ser realizada em abril, com diversos grupos como judeus, mulçumanos e ciganos, além dos negros. O evento antecede o encontro estadual, marcado para os dias 22 e 23 de maio, preparatório para 2ª Conferência Nacional de Igualdade Racial, prevista para junho.