Em Nova York, Lula volta a culpar países ricos pela crise financeira internacional

16/03/2009 - 17h04

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aodiscursar hoje (16) durante seminário em Nova York, opresidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a culpar os países ricospela crise financeira internacional, condenou a especulação e disse queos bancos “descolaram-se da realidade”. Ele afirmou ainda que, “em poucotempo, a ganância de alguns deu lugar ao pânico de muitos”.“Essaé uma crise que não surgiu em países emergentes ou na periferia dosistema, nasceu no coração do mundo desenvolvido, provocada em grandemedida pela falta de controle dos sistema financeiro nos países maisricos. Os bancos, em vez de cumprirem seu papel de financiador do setorprodutivo, descolaram-se da realidade e dedicaram-se à especulação,transformaram-se em um grande cassino”.Aofalar dos efeitos da crise no Brasil, o presidente afirmou que, emcrises menos graves do que a atual o país quebrou, mas que dessa veznão irá quebrar. Ele disse que, no entanto, o país terá crescimento menor do que o esperado.“Comohavíamos dinamizado nossa economia antes, estamos em condições de sairdela [da crise] mais cedo do que se esperava. Em crises menos graves doque a atual o Brasil quebrou e foi obrigado a pedir socorro ao FMI[Fundo Monetário Internacional]. Dessa vez o Brasil não quebrou nemvai quebrar. Enquanto a maioria dos países ricos entra na recessão oBrasil vai continuar crescendo, menos do que gostaríamos, mas estejamcertos de que vai continuar crescendo”, asseverou o presidente da República.Lulaacrescentou que, no Brasil, os bancos públicos e privados não foramcontaminados pelas “aventuras dos especuladores internacionais” e que osistema brasileiro de bancos públicos é atualmente responsável por mais de 40% do crédito.O presidente falou sobre o desemprego no mundo e disse saber, por experiência própria,o que é perder o trabalho. Lula também fez referências aos programassociais brasileiros, citou o Bolsa Família, o Programa de Aceleração doCrescimento (PAC), e reafirmou que não irá cortar gastos em investimentossociais em decorrência da crise. A idéia, segundo Lula, é “construir umBrasil para todos os brasileiros”.Noinício do discurso ele brincou com a platéia do evento, que estavapreparada para almoçar. “A  fome vai aumentar à medida em que eu forfalando. Por favor, não atirem nenhuma faca e muito menos o sapato”,disse, arrancando risos da platéia.   Luladefendeu os biocombustíveis e a mudança na matriz energética de paísescomo os Estados Unidos e os que integram a União Européia. Oseminário do qual Lula participou foi realizado pelo jornal americanoThe Wall Street Journal e o jornal brasileiro Valor Econômico. O seminárioabordou diversos aspectos da economia brasileira.