Lula discutirá com Obama o aumento do protecionismo

13/03/2009 - 22h06

Eduardo Castro
Enviado especial da EBC
Washington - Primeirolíder latino-americano a encontrar-se com Barack Obama desde a posse donovo presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro desteano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca em Washingtoncom o que chamou de “temas urgentes para tratar”. Antes de seguirviagem para a capital americana, Lula confirmou que a grandepreocupação atual é a volta do protecionismo nas relações comerciais.“Precisamosdeixar claro que o protecionismo pode ajudar momentaneamente, mas nomédio prazo o protecionismo será um desastre para a economia mundial. OBrasil é contra a volta do protecionismo”, disse Lula. O encontro entreObama e Lula começa neste sábado (14) com uma reunião ampliada de 40 minutos, na sala deconferências ao lado do gabinete do presidente norte-americano, aRoosevelt Room, na Casa Branca. Da primeira parte da reunião também vão participar osministros que integram a comitiva,  das Relações Exteriores, Celso Amorim,  e da Casa Civil, Dilma Rousseff, além do assessor especial para Assuntos Internacionais,Marco Aurélio Garcia. Terminada a primeira parte do encontro, os presidente terão 20 minutos de conversa em separado, no Salão Oval (somente com a presença de intérpretes). Antesda reunião, que começa às 11h (meio-dia pelo horáriode Brasília), Lula receberá o presidenteda maior central sindical dos Estados Unidos, a AFL-CIO, John Sweenwy. Ao mesmo tempo, Marco Aurélio Garcia recebe a visitado conselheiro de Assuntos de Segurança Nacional, General James L.Jones.Enquanto osdois presidentes se reúnem na capital norte-americana, osministros da economia dos 20 países em desenvolvimento e os mais ricos domundo (G20) discutem os temas a serem abordados no dia 2 de abril, em Londres. Opresidente Lula defende a retomada da Rodada Doha, negociaçãoentre os 153 países que compõem a Organização Mundial doComércio (OMC), iniciada em 2001 no Quatar, que tenta diminuir as barreirascomerciais entre os países. Para Lula, o momento é o das decisõespolíticas. “Os dirigentes estão compreendendo que agora não é mais ahora dos técnicos. Agora é a hora da política. Ou nós assumimos aresponsabilidade por essa crise e damos uma saída para ela, ou se agente ficará esperando como o Japão esperou na década de 90 e demorou dez anos para sair da crise. E nós não podemos esperar dez anos”, disse.A certeza de que algo grande precisa ser feito pode esbarrar nafalta de entendimento sobre quais devem ser as medidas a serem tomadas.Os europeus querem mais regulação no mercado financeiro internacional.Os norte-americanos defendem mais aporte de dinheiro público para tirar osetor privado da crise. Os países emergentes querem as duas coisas, além dasregras comerciais que garantam mais espaço para seus produtos eserviços. “Os países ricos precisam aprender a tomar conta dos seusbancos. É preciso uma regulação forte para que a gente possa ter garantiade que o sistema financeiro mundial estará vinculado diretamente aosetor produtivo”, defendeu o presidente Lula, sugerindo que sejam tomadas medidas para reestabelecer o créditointernacional, além do fortalecimento das instituições queemprestem dinheiro aos países, mas fazendo com que os recursos estejamdisponíveis para quem quer produzir.Mais um ponto que deve estar  na conversa entre os presidentes Lula e Obama éa postura norte-americana com relação aos seus vizinhos continentais.Nesta semana, o chanceler Celso Amorim chegou a falar em “cobrar umnovo olhar” dos Estados Unidos para a América Latina. Segundo Amorim, trata-se de uma postura mais propositiva, que envolvainvestimentos em produção nos países latino- americanos, e não só ajudafinanceira a pontos específicos, como combate ao narcotráfico naColômbia. O chanceler brasileiro disse que Lulafará um apelo para que os Estados Unidos superem os problemas do passado com a Venezuela. Atendendo a um pedido dopresidente da Venezuela, Hugo Chávez, o presidente brasileiro pedirá aonovo governo norte-americano diálogo e compreensão com os venezuelanos.“É preciso respeitar a democracia naquele país e creio que o presidenteObama estará aberto a isso”, afirmou Celso Amorim.    Também está em pauta as questões de meio ambiente e as alternativasdesenvolvidas no Brasil para diminuir a dependência energética comrelação ao petróleo. “Temos uma boa receita para isso: eliminara tarifa para o etanol”, disse o chanceler.