Torcedores esperam que também haja rigor contra a violência policial nos estádios

13/03/2009 - 20h10

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dirigentesde torcidas organizadas querem mais rigor com aviolência policial nos estádios de futebol. Eles viramcom bons olhos o conjunto de medidas anunciadas hoje (13) pelogoverno federal para aumentar a segurança durante as partidas,mas acreditam que a polícia também teria que serpenalizada em casos de abuso e não só torcedores que se envolvem em brigas.

“Devez em quando a PM [Polícia Militar] também fazcoisas que não deve, passa dos limites, agride semnecessidade. Como seremos penalizados, eles [policiais militaresque cometerem abusos] também têm que ser”, afirmouo presidente da Força Jovem do Santos Futebol Clube, oempresário Pedro Luiz Ribeiro Hansen, responsável porum grupo de 3 mil filiados.

“Violênciagera violência. Às vezes, tem só dois elementosbrigando numa arquibancada, a polícia chega agredindo geral ea coisa se espalha”, argumentou o presidente da torcida rubronegraJovem Fla, do Flamengo, Leonardo Sansão.

Oprojeto de lei que altera o Estatuto do Torcedor, anunciado pelogoverno hoje, e que será enviado ao Congresso Nacional, defineformalmente as torcidas organizadas como pessoas jurídicas dedireito privado, que podem responder civilmente pelos danos causadospor qualquer um de seus associados no local da competição,nas imediações ou no trajeto de ida ao jogo e de voltada partida.

Qualquerpessoa que queira ir a uma partida de futebol deverá secadastrar até junho de 2010, sob pena de não podercomparecer aos jogos das séries A e B do CampeonatoBrasileiro.

Odirigente da torcida santista garante que prega o combate àviolência nos estádios e lembra que, há doisanos, a Federação Paulista já exige queintegrantes de torcidas organizadas se identifiquem na porta dosestádios. Os torcedores foram cadastrados com identidade (RG),Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e digitais. “Aqui em SãoPaulo melhorou bastante. Os vândalos acabam se reprimindo,porque estão identificados e é tudo filmado”,ressaltou Hansen.

“Nossointuito é ir para o campo torcer e voltar para casa. Podemosbrigar com torcedores de outro time em um tatame ou em um ringue, masnão em estádio de futebol”, acrescentou Hansen, emalusão às lutas marciais e esportes apoiados pelatorcida em seus projetos sociais.

NaJovem Fla, a expectativa da direção é de que asmedidas anunciadas pelo governo federal, sobretudo o cadastramentoindividual dos torcedores, ajudem a diminuir os problemas enfrentadospela torcida em relação à violência.

“Issoé bom para a gente, porque muita coisa que hoje cai na culpada torcida organizada é provocada por outras questões,como rixas de bairro ou brigas de baile funk”, alegouSansão.

AJovem Fla tem cerca de 23 mil cadastrados. O dirigente admite que háaqueles que procuram as organizadas com outros intuitos que nãoo de torcer, mas salienta que a ordem é para nãopermitir a permanência destas pessoas. “Se não seadequar com a nossa doutrina, é expulso”, disse.

Naprática, entretanto, garantir a conduta dos filiados nãoé uma tarefa fácil. Na Força Jovem santista, opresidente já teve que fechar uma filial em PresidentePrudente (SP) porque membros da torcida teriam praticado um atentadocontra palmeirenses.

Pelasnovas regras, um torcedor que praticar atos de violência poderápegar de um a dois anos de reclusão e multa. Caso o réuseja primário, a proposta é converter as penas deprisão em banimento dos estádios por um prazo de trêsmeses a três anos.

Oprojeto de lei estabelece que caberá ao MinistérioPúblico Estadual remeter às torcidas a lista dos nomesde torcedores impedidos de freqüentar estádios atéque a Justiça julgue a pena impeditiva.

Areportagem entrou em contato com o Clube dos 13 para saber a posiçãoda entidade que representa os principais times de futebol do país,a respeito das medidas anunciadas pelo governo. A assessoria deimprensa informou que a direção da instituiçãonão se pronunciará sobre o assunto antes da próximaterça-feira (17), quando a questão será debatidaem uma reunião de presidentes dos clubes filiados.