Projeto de produção agroecológica beneficia pequenos agricultores em cinco estados

13/03/2009 - 16h53

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Pequenos agricultoresde cinco estados brasileiros terão direito a receber em suaspropriedades a tecnologia social de ProduçãoAgroecológica Integrada e Sustentável (Pais). Compatrocínio de R$ 9,6 milhões da Petrobras e da FundaçãoBanco do Brasil, serão instaladas mil unidades: 200 no Rio deJaneiro, 200 no Rio Grande do Norte, 200 em Sergipe, 240 na Bahia e160 em Minas Gerais. O anúncio foifeito hoje (13) na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.Criado em 2004, oprojeto já conta com 3.609 unidades em 14 estados. Por meiodele, pequenos agricultores e suas famílias recebem suporte econsultoria técnica para produzir alimentos orgânicos deforma sustentável e gerar renda com o excedente da produção.O idealizador dosistema, o engenheiro agrônomo senegalês Aly Ndiaye,explicou que a proposta consiste na produção integradade aves, hortaliças e frutas. A idéia, lembrou, surgiuquando ele se formou pela Universidade Federal Rural do Rio deJaneiro e passou cinco anos vivendo com um núcleo de pequenosprodutores no interior do Rio. “Lá, eupercebi que o grande problema era a falta de integraçãoentre a produção animal e a vegetal. Com outrosestudiosos do assunto, vimos que em 5 mil metros quadrados – cercade cinco campos de futebol –, integrando a produçãoanimal e a vegetal, é possível garantirsustentabilidade sem a entrada de produtos químicos”.Além disso, pormeio da reciclagem de nutrientes, o produtor tem condiçõestécnicas de produzir seu alimento sem depender de ninguém.O fertilizante vem da própria criação degalinhas, cujos dejetos são usados como adubo orgânico.Ele contou que aprimeira experiência foi numa aldeia indígena. Noprimeiro ano de implementação, assinalou, o índicede mortalidade infantil caiu para zero. “As pessoas passaram a tercomida saudável”.O local de cultivo écomposto de anéis com produtos variados e complementares semuso de fertilizantes ou agrotóxicos. No centro, há acriação de pequenos animais, como galinhas e patos. “O esterco é usado para adubar as plantações nos anéis, e a irrigação é feita porgotejamento, o que economiza água”, explicou Aly.O empreendimento incluium kit com 30 itens para a instalação do sistema,assistência técnica e monitoramento de dois anos para aexecução de todas as etapas, desde o preparo do terrenoaté a venda da produção agrícola. Cadaunidade custa cerca de R$ 10 mil, incluindo os dois anos demonitoramento técnico.Segundo Renata Moraes,diretora executiva da organização não-governamentalConvergência, que coordena o projeto no Rio, os técnicosagrícolas que vão assessorar as pequenas famíliasrurais são da própria região. “Sãopessoas que conhecem bem o local, a produção, asdificuldades e facilidades da região, além de ter maisfacilidade de locomoção para atender aos agricultores”.Após aimplementação completa da unidade, a proposta éque se criem parcerias entre os produtores e a as autoridades locais,criando pólos de desenvolvimento, como feiras e hortas deecoturismo.Renata explicou que asfamílias interessadas em participar do projeto foramcadastradas e estão sendo selecionadas aquelas que apresentammaior aptidão para desenvolver o sistema. Os agricultores doRio são de municípios no entorno do ComplexoPetroquímico do RJ, região metropolitana do estado.