Liquidações e medidas para conter crise impulsionaram vendas no varejo, diz IBGE

13/03/2009 - 14h20

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As tradicionais liquidações de início do ano aliadas às medidas que o governo vem tomando para minimizar os efeitos da crise financeira mundial foram fundamentais para aquecer o comércio no país em janeiro de 2009. A avaliação é do técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Nilo Lopes. Segundo dados divulgados hoje (13) pelo instituto, o volume de vendas no varejo apresentou um incremento de 1,4% em janeiro na comparação com dezembro de 2008, depois de sofrer retração por três meses consecutivos.“No fim do ano, muitos comerciantes superdimensionam as vendas de Natal e às vezes elas não são tão altas, então em janeiro queimam o estoque a preços baixos, o que acaba aumentando as vendas. Mas, além disso, o governo lançou uma série de medidas para estimular o consumo desde setembro do ano passado, com o agravamento da crise mundial, e elas começaram a se efetivar nesse início de ano”, explicou.Entre as medidas que contribuíram para o resultado de janeiro, ele citou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos, a abertura de novas linhas de crédito, os incentivos concedidos aos bancos para que ampliassem os empréstimos e ainda a redução dos descontos relativos ao Imposto de Renda na fonte. Por conta disso, segundo Lopes, os setores que são diretamente influenciados pela oferta de crédito foram os que mais tiveram expansão em janeiro, na comparação com dezembro. Entre eles, o de veículos e motos, partes e peças (11,1%) e móveis e eletrodomésticos (7,1%). Ao todo, de acordo com o IBGE, na passagem de um mês para outro, as vendas aumentaram em sete das dez atividades pesquisadas. Já na comparação com o mesmo período do ano anterior, a pesquisa apontou avanço de 6,0% no volume de vendas e acúmulo de 8,7% nos últimos 12 meses. Nesse tipo de comparação, o destaque foi o setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que, com acréscimo de 7%, foi responsável pela principal contribuição (41%) da taxa do varejo. “Esse setor no ano passado foi fortemente atingido pela alta da inflação dos alimentos principalmente até julho. Mais tarde, com a forte desaceleração [nos preços] desses produtos, as pessoas voltaram a comprar em maior quantidade. Mas, além disso, o resultado de janeiro de 2009 foi influenciado pela manutenção do crescimento da massa de salários”, destacou Nilo Lopes.Segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego, também do IBGE, a massa salarial dos trabalhadores brasileiros teve um acréscimo de 8,3% na comparação entre os meses de janeiro dos dois anos.