Geradores nucleares de Angra 1 começam a ser substituídos amanhã

13/03/2009 - 18h33

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Eletronuclear  realiza amanhã (14) a retirada do primeiro gerador a vapor da Usina  Angra 1, para substituí-lo por um novo equipamento, mais moderno e seguro. O gerador sairá do prédio do reator nuclear e irá para um depósito construído  nas instalações da própria Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense. 

A mesma operação será realizada com o segundo gerador a vapor que funciona em Angra 1 desde o início de operação da usina. O engenheiro Ronaldo Cardoso, coordenador da obra,  prevê que a segunda substituição ocorrerá em três dias, no máximo.

Cardoso  informou  que o depósito onde serão depositados os antigos geradores possui toda a estrutura necessária para abrigar equipamentos de baixa atividade, além dos resíduos que  apareçam no processo de troca. Uma carreta de 144 rodas automática ajudará no transporte dos geradores para o depósito.

Já estão sendo concluídos pelos técnicos da usina a validação  do processo e os testes necessários para garantir uma  perfeita operação. A Eletronuclear dispõe de planos contingenciais para prevenir quaisquer falhas, disse o engenheiro. “A gente não pode errar nessa retirada, porque se trata de um componente de 320 toneladas que está saindo. E o que está entrando tem 400 toneladas, incluindo os dispositivos de içamento”, afirmou.

A  equipe  já começou a movimentação do gerador “aposentado” dentro do edifício do reator visando a efetivar sua saída no sábado pela manhã.

Ronaldo Cardoso explicou que os novos geradores são feitos com material mais resistente,  já validado em todo o mundo e não suscetível a falhas,    ao contrário do que sucedia com os equipamentos antigos, feitos de uma liga inoxidável e sujeitos ao aparecimento de trincas que facilitavam a permeabilidade da água.

Para manter a confiabilidade e segurança dos equipamentos, a Eletronuclear passou a fazer “inspeções robotizadas nos geradores, para garantir que não havia nenhum ponto  que pudesse vir a falhar”. Os tubos com indicações de problemas futuros eram bloqueados. Só que essas paradas para manutenção do gerador foram se tornando mais freqüentes.

Os geradores antigos prejudicavam o desempenho da usina. A duração das paralisações, que era de  30 dias ao ano, passou para até 60 dias/ano. “Agora, no final da vida dele, nós já estávamos tendo que parar a usina a cada oito meses”, disse o engenheiro. 

Cardoso destacou ainda que o custo dessas paradas é alto. Com a troca dos antigos geradores a vapor por equipamentos mais seguros, a economia para a Eletronuclear será de, no mínimo, US$ 10 milhões anuais.

Além disso, os novos geradores têm maior capacidade que permitirá, futuramente, ampliar a potência da Usina Angra 1 de 657 megawatts elétricos por hora (MWh) para 700 MWh. “Não parece, mas é muita energia”. 

Para garantir uma sobrevida dos geradores a vapor que estão sendo trocados, Angra 1 teve que operar nos últimos dois anos com uma temperatura mais baixa. Em função disso, os técnicos tiveram que limitar a potência  da unidade em 83%.  “Ou seja, nós passamos a operar nos últimos dois anos com 520 MWh, em vez de 650 MWh”, afirmou.

O investimento na compra dos dois geradores mais modernos e o seu  processo de substituição  custou R$ 700 milhões. Ronaldo Cardoso acredita que  esse dinheiro será pago em até um ano e meio,  com a usina operando a 100%. “Paga com facilidade o lucro da usina na geração de energia.  Então, é um investimento bastante viável de ser feito”, disse.

O engenheiro esclareceu ainda que os geradores não foram adquiridos com defeito pela Eletronuclear e que estão sendo substituídos apenas por causa do fim de sua vida útil.  Cardoso esclareceu que a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás, teve um problema na justiça no final dos anos 80, em relação a um problema verificado no condensador da usina, aparelho por onde circula a água doce que é resfriada, mas que já foi resolvido. “O condensador furava e passava água do mar  para o ciclo secundário, exigindo a parada da usina para que fosse identificado o tubo furado”. A troca dos tubos por similares de titânio pôs fim ao problema e a usina passou a operar normalmente, afirmou.