Tarso reclama de críticas à decisão que tomou sobre Battisti

12/03/2009 - 12h59

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça,Tarso Genro, disse hoje (12) que as declarações dogoverno italiano, no pedido de cancelamento de refúgiopolítico de Cesare Battisti, contestam a soberaniabrasileira. “O governo italiano pediu o cancelamento do refúgionuma constante alusão a nosso país e àfragilidade da soberania do Brasil e de nossos juristas”, disse emaudiência pública na Comissão de RelaçõesExteriores e Defesa Nacional. “Tarso Genro aindareclamou das críticas ao seu parecer, que concedeu refúgioao italiano. “Lamento que, em alguns momentos, tenham assacadocontra o despacho que deferi sem analisar o conteúdo de suasafirmações para criar um juízo na sociedade queantecede o julgamento do STF”. O caso está em análiseno Supremo Tribunal Federal (STF).Cesare Battisti foicondenado à prisão perpétua na Itália porquatro homicídios na década de 70, quando militava naorganização Proletários Armados pelo Comunismo.O ministro voltou adizer que o italiano não teve direito a ampla defesa. “Meparece que não há o exercício da ampla defesa nocaso do Battisti, porque ele deu uma procuração embranco, que foi preenchida a posteriori por um advogado queele não conhecia e que defendeu co-réus. Não hádemonstração de que há respeito à ampladefesa e ao contraditório”, comentou. “O STF analisououtros quatro casos semelhantes que não trouxe a mesmarepercussão que o Battisti”, completou.Tarso Genro foiconvocado à Comissão de RelaçõesExteriores e Defesa Nacional para explicar a posiçãobrasileira no caso Battisti e no caso dos boxeadores cubanos, que,durante os Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, abandonaram adelegação e foram encontrados em Araruama (RJ). Elesacabaram deportados de volta para Cuba e hoje moram nos EstadosUnidos.“Minha convocaçãonão entra no mérito do Battisti. Quero entender otratamento dado aos cubanos e a Cesare. Relembrar os fatos como elesocorreram”, disse o autor do requerimento de convocação,senador Heráclito Fortes (DEM-GO). “Quero entender otratamento desigual dado por Tarso por essas duas questões. OBrasil agiu de maneira desumana”, completou.O senador conta que“eles [os cubanos] ficaram desamparados e a PM-RJ foiacionada. Eles foram para o centro de segurança do Pan e foramassistidos por advogados”, explicou Tarso Genro. “Acho que oscubanos ficaram perdidos e se apavoraram, queriam voltar”,completou.