Redução da taxa de juros foi tímida na opinião de parlamentares

11/03/2009 - 22h56

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A redução da taxa básica de juros (Selic) em 1,5 % não agradou nem aos parlamentares da base aliada do governo e nem aos da oposição. Todos consideraram a redução insuficiente neste momento de crise econômica. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), foi uma decisão conservadora para o momento de crise.“Para os padrões históricos do Banco Central parece um movimento mais forte, mas para o momento da economia brasileira e, sobretudo, pela intensidade do processo de desaceleração econômica, eu posso dizer que foi mais uma vez uma decisão conservadora”, disse. E acrescentou: “Havia espaço para que se fizesse um movimento mais ousado, mais agressivo”.Segundo o presidente da CNI, a política monetária do Brasil está descompassada da crise e “se há descompasso nós precisamos andar mais depressa”. Armando Monteiro afirmou que a redução da taxa frustra a expectativa da indústria nacional. “Nós imaginávamos que pudéssemos caminhar de maneira mais firme na direção de um movimento mais ousado. O risco nesse momento é o da recessão, não é o risco da inflação. Seguramente poderia ter sido feita redução de 2 a 2,5  pontos percentuais na taxa de juros”, disse.Para o presidente da CNI, a medida ajuda na recuperação da indústria de alguma forma, porque é um movimento de redução, “mas não é algo que produza efeitos na economia imediatamente”. Segundo ele, é preciso que o ambiente de maneira geral possa ser percebido pelos agentes econômicos  e que o mundo melhore, e a percepção da crise possa ir mudando.Monteiro afirmou que o processo que está se instalando no Brasil aponta para um quadro de desaceleração da indústria e que era importante uma sinalização do Banco Central, no sentido de que está querendo fazer um movimento que reanime os agentes econômicos e que crie expectativas novas nesse momento.De acordo com o deputado, o Banco Central precisa promover nova reunião do Copom num prazo mais curto para que haja mais reduções na taxa de juros. “O calendário da crise não é o calendário do Copom. O Copom tem que se ajustar ao mundo ou será que o mundo tem que se subordinar ao calendário do Copom?”, questionou.    Para o vice-líder do PMDB, deputado Rocha Loures (PR), a economia brasileira precisa ganhar nesse momento mais agilidade, velocidade e leveza. “Na minha opinião, a redução dos juros foi insuficiente, embora tenha sido na direção correta, e não deverá ser a última  oportunidade em que veremos a taxa de juros cair”. O parlamentar também defende reuniões em espaços mais curtos do Copom em função da crise.De acordo com o vice-líder do PT, deputado Maurício Rands (PE), a decisão do Banco Central foi na direção correta de acentuar a queda na taxa de juros, mas 1,5 ponto percentual foi insuficiente. “Nós da bancada do PT esperávamos mais ousadia no ritmo da redução. Esperávamos uma redução mais substancial do que 1,5 ponto percentual. Embora registre que a direção está correta, esperávamos algo em torno de 2,5  pontos”. Maurício Rands disse que a crise está atingindo o Brasil de modo mais profundo do que se imaginava e que a conjuntura atual é completamente diferente de meses atrás. Rands reafirmou que, na sua avaliação, houve excesso de cautela da parte do Banco Central ao reduzir os juros em 1,5 ponto.Também o vice-líder do DEM, deputado José Carlos Aleluia (BA), afirmou que mesmo que o Copom tivesse reduzido a taxa de juros em 2 pontos ou mais não seria suficiente. “Porque o governo está gastando muito. Não adianta só baixar os juros, o governo teria que baixar o desperdício  e investir. O PAC não existe. O PAC não anda. O governo não investe. Só tem investimento no papel. A redução dos juros é uma medida de desespero ”.“O governo está mudando os critérios de cálculo para evitar que apareça no primeiro trimestre também a recessão. Nós estamos tecnicamente em recessão e vamos passar este ano em recessão, porque não há no governo Lula um plano de alivio do sofrimento das pessoas diante da crise. O governo subestimou, o presidente disse que era uma marola, uma marola que só em dezembro desempregou 600 mil brasileiros, afirmou Aleluia.