Indústria paulista demitiu 236 mil desde outubro com o agravamento da crise

12/03/2009 - 17h02

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As indústrias do estado de São Paulo demitiram 236,5 mil trabalhadores desde o agravamento da crise econômica mundial, em outubro. De acordo com dados apresentados hoje (12) pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o número é mais de seis vezes maior que o número de demissões ocorridas durante o mesmo período anterior e representa um corte de cerca de 10% dos empregados do setor.“As demissões são comuns no início do ano, porém nunca tivemos uma queda como esta”, afirmou o diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Paulo Francini, em entrevista coletiva concedida na sede da federação. “Por efeito das condições particulares da crise, perdemos 200 mil postos de trabalho a mais do que nos anos anteriores.”Segundo Francini, o saldo acumulado de demissões mostra que a situação do emprego no setor é muito grave. As demissões dos últimos cinco meses superam de longe o maior saldo acumulado de contratações em um ano desde 1995, quando a Fiesp passou a divulgar os números do emprego da indústria paulista. “Nos 12 meses de 2004, um ano fantástico para a indústria, foram geradas 145 mil vagas”, comparou o economista.Só em fevereiro, foram demitidos 43 mil trabalhadores, recorde de demissões para o mês. Desde dezembro, a indústria paulista acumula recordes de demissões. Dos 22 segmentos da indústria, nenhum teve saldo de contratações no mês passado. Do total, 20 tiveram demissões e dois mantiveram o nível de emprego estável.O segmento de equipamentos de transporte, exceto automóveis, foi o que apresentou pior resultado: queda de 18,4% no nível de emprego. Foram 9.565 demissões, grande parte delas na Embraer. “A Embraer foi a principal causa do aumento das demissões no segmento”, disse Francine, citando os cerca de 4 mil demitidos pela fabricante de aviões.A Embraer também foi responsável pela piora do nível de emprego em São José dos Campos, cidade no Vale do Paraíba em que a fábrica está localizada. A regional do município foi a que apresentou pior resultado no mês passado: queda de 7,48%. Na seqüência, Matão e Piracicaba foram as regionais com pior performance. Jaú foi a regional com melhor desempenho, aumentando em 0,71% as contratações, principalmente, devido as admissões de uma usina de cana-de-açúcar localizada na região.