BC estuda medidas de ampliação de liquidez para pequenos e médios bancos

12/03/2009 - 1h09

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Banco Central (BC)estuda medidas para ampliar a liquidez (recursos disponíveisno mercado) para pequenos e médios bancos. O assunto foidicutido hoje (12) em reunião do presidente do BC,ministro Henrique Meirelles, com integrantes da Comissão Temporáriade Análise da Crise do Senado. A falta de crédito éresultado da crise financeira internacional, que se agravou emmeados de setembro do ano passado. Segundo o senadorAluízio Mercadante (PT-SP), os pequenos e médios bancosainda não voltaram a emprestar no ritmo necessário,apesar de terem resolvidos problemas de fluxo de recursos no últimotrimestre do ano passado. “Eles [os bancos] sãoespecializados em alguns nichos de mercado que são muitoimportantes para a reativação da economia, comofinanciamento de carros usados”, disse Mercadante. O senador petista acrescentouque, como houve redução de financiamentos no exterior,grandes empresas passaram a pegar recursos internamente e as pequenase médias têm mais dificuldades de acesso ao créditono país. Segundo o diretor deAdministração do BC, Anthero Meirelles, já houveaumento das concessões de crédito, mas “não ésuficiente para contemplar todo mundo”.Mercadante acrescentouque o BC tem “amarras institucionais muito fortes” que impedem uma maior atuação com empréstimos paramédios e pequenos bancos. “O Banco Central só podeprover liquidez quando tem garantia absoluta. Precisamos construirmecanismos, evidentemente com prudência, que permitam agilizar acapacidade do Banco Central de prover liquidez para médios epequenos bancos”, afirmou o senador. Meirelles lembrou que as leis de Responsabilidade Fiscal e de ImprobidadeAdministrativa estabelecem que o “Banco Central não podeemprestar dinheiro e correr risco de perder”. “Só que emoperações de redesconto [empréstimos do BC aosbancos], de assistencia à liquidez e como emprestador deúltima instância, o risco faz parte do negócio”,disse o diretor. “Tambémestamos em uma situação em que isso não serianecessário, mas realmente a gente tem amarras muito grandes”, disse Meirelles. Além desseassunto, o senador reforçou que para a comissão éimportante que seja aprovado no Congresso o Cadastro Positivo, quevai permitir que o histórico de um cliente bom pagador possaser acessado pelos bancos. Segundo ele, esse mecanismo pode estimulara concorrência, o que leva à redução dejuros cobrados dos clientes. Os senadores tambémdiscutiram com o presidente do BC a redução dosimpostos incidentes sobre a intermediação financeira. Oobjetivo é reduzir o spread bancário (diferençaentre os juros que a instituição financeira paga parater o dinheiro e a taxa cobrada do cliente na hora do empréstimo).A redução do spread é considerada condiçãoessencial para o barateamento do crédito ao tomador final e estásendo estudada pelo governo. “Queremos fazer alguma contribuiçãocom a garantia de que haverá queda no spread”, disseMercadante.De acordo com diretor deAdministração do BC, oassunto ainda precisa ser analisado porque em toda a decisãona área econômica há “vantagens” e“desvantagens”. Anthero Meirelles afirmou que a redução datributação gera perdas de arrecadação.“Resolve um problema, mas temos que avaliar o impacto na outraponta”, afirmou. Segundo ele, o assunto deve ser discutidocom a Receita Federal, responsável pela arrecadaçãode impostos, que tem se reduzido por conta da crise.