Agentes comunitários de saúde do Rio reclamam dos baixos salários

12/03/2009 - 14h55

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dos diferenciaisdo Programa Saúde da Família (PSF), criado em 1994pelo governo federal, é o agente comunitário. Eledesempenha um papel chave no estabelecimento de vínculos elaços de compromisso e de co-responsabilidade entre osprofissionais de saúde e a população.“Sem agentecomunitário não existe Programa Saúde daFamília,” disse o ministro José Gomes Temporão,em visita ao Rio, na semana passada, quando defendeu o PSF comoprioridade na gestão de saúde de qualquer município.“São os agentes comunitários que acompanham os bebêsdepois do nascimento, orientam a realização davacinação de rotina e o acompanhamento do pacientehipertenso ou diabético e fazem essa ponte entre os médicose os moradores”, disse Temporão.“Eles sãocapacitados pela prefeitura para identificar os sinais de agravo e emmuitos casos salvam vidas, pois reportam aos médicos asalterações no paciente que poderiam ter conseqüênciasmaiores,” explicou o Oscarino Barreto, médico de famíliahá oito anos.No entanto, osagentes comunitários do Rio de Janeiro se queixam que oreconhecimento do seu trabalho não se reflete na melhoria dossalários. Na opinião deles, o salário de R$ 465e os R$ 5 de vale-alimentação por dia mostram odescaso com a categoria.Na unidade de NovaBrasília, zona oeste da cidade, só ficaram 21 dos 35agentes comunitários necessários para atender as cercade 5 mil famílias cadastradas. Nos últimos meses, 14agentes pediram demissão.A agente comunitáriaVanuza da Silva Victorino diz que a profissão não évalorizada. “São oito horas por dia, subindo morro, descendomorro, faça chuva ou sol, indo de casa em casa,conscientizando as famílias. Além do trabalho dentro daunidade, realizando cadastramento, fazendo fichas, entre muitasoutras coisas. Muitos foram embora porque não conseguem viversó com isso. Sem falar nos quatro anos que estamos sem receberdissídios”.A agente Janaínada Silveira Silva trabalha na unidade de atendimento 14 de Julho, emRamos, zona norte do Rio, e afirmou que a insatisfaçãocom o salário é grande entre seus colegas. “Aquantidade de trabalho é muito grande e as cobrançassão muitas. O salário não condiz com aresponsabilidade que temos”. Ainda assim, acategoria defende o programa. O agente comunitário Luiz, quelevou a equipe da Agência Brasil para acompanhar suasvisitas domiciliares no Loteamento, na Favela NovaBrasília, é um dos defensores da estratégia.Segundo ele, o trabalho realizado por eles vai além da saúde.“Resolvemos problemas sociais, cobramos das autoridades a soluçãode valas negras, de lixo a céu aberto. Sou agente comunitáriohá dez anos e tenho muito orgulho do que faço. Éum trabalho de formiguinha, mal remunerado, mas o retorno épura satisfação.”