Secretário diz que Porto Velho não está preparada para impactos de obras do Rio Madeira

11/03/2009 - 17h28

Luana Lourenço
Enviada Especial
Porto Velho - A cidade de PortoVelho, capital de Rondônia, ainda não está preparada para os impactosdemográficos e sócioeconômicos que as usinas doComplexo Hidrelétrico do Rio Madeira vão trazerpara o município. O titular da recém-criada SecretariaExtraordinária de Projetos Especiais, Pedro Beber, reconheceuque, como não houve planejamento nem recursos anteriores, asmudanças estruturais no município só estãochegando junto com as obras das usinas.“Certamente teremostranstornos. Eu não chamo de problemas, porque vãotrazer soluções, mas toda obra cria transtornos",afirmou Beber, em entrevista à Agência Brasil. Entreos problemas urbanos, que deverão se agravar com a chegada decerca de, pelo menos, 100 mil pessoas atraídas pelas obras,estão habitação, saneamento básico –que só atende 3% da população atualmente – einfraestrutura de trânsito.O déficithabitacional, de mais de 44 mil moradias, não seráreduzido tão cedo. Até agora, há recursosgarantidos para a construção de 4.238 unidades habitacionais. Opróprio secretário reconheceu que, até o fim dagestão do atual prefeito, Roberto Sobrinho (PT), mais 20 milcasas poderão ser construídas, apenas metade donecessário para zerar o déficit.Na áreade saneamento, os recursos do Programa de Aceleração doCrescimento (PAC) para o município deverão sersuficientes para ampliar o acesso à água e coleta deesgoto para a atual população da cidade, mas nãopara as novas áreas que serão criadas para receber asfamílias que chegarão, atraídas pelas obras. De acordo com o secretário, nemos locais para instalação dos possíveis novosbairros estão definidos ainda. “Estamos elaborando um planodiretor, mas ainda há pendências”, apontou ele.Paradesafogar o tráfego, serão construídos osprimeiros viadutos da capital rondoniense que, segundo Beber, jáestão em fase licitatória. Uma via de acesso entre aBR-364 e a zona portuária também está nos planosda administração municipal e deve reduzir o intensofluxo de carretas de soja, que cortam uma das avenidas centrais da cidade.Aonda de demissões e a previsão de desaceleraçãodo crescimento do país também são fatores quetêm preocupado os gestores de Porto Velho, não pelosimpactos diretos na economia local, mas pelo contingente populacionalque a prosperidade, que representará as obras do complexo do Rio Madeira, poderá atrair.“Antes dacrise não estávamos tão preocupados porque, senão houvesse crise, haveria mercado de trabalho em todo opaís. Agora, as pessoas poderão achar que a crise nãochegou aqui, por causa das usinas, e isso vai atrair muito mais gentedo que previsto para cá”, avaliou Pedro Beber.Para balancear oscustos sociais, “que vão sobrar para o município”,o secretário Pedro Beber adiantou que a estratégia será acobrança efetiva de compensações ambientaisprevistas na legislação, além da inclusãode condicionantes socioeconômicos nas licençasconcedidas a empreendimentos que venham a se instalar na cidade, deolho no potencial econômico das usinas.