Queda do PIB mostra que Brasil não ficou imune à crise, diz economista

11/03/2009 - 16h27

Da Agência Brasil

Brasília - Osdados divulgados ontem (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), que revelaram queda de 3,6% no Produto InternoBruto (PIB) no último trimestre de 2008, mostram que oBrasil não ficou imune à crise econômica mundiale que a indústria é a principal responsável poresse recuo. Segundoo economista do Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial(Iedi) Rogério César, embora o setor pareçaser o mais atingido pela crise, a preocupação agora écom reflexos em outros setores. Ele entrevista hoje (11) aoprograma Revista Brasil da Rádio Nacional,Rogério César destacou que, nesse período, aqueda foi forte na indústria, que é um setor importanteda economia. “Se a economia como um todo caiu 3,6%, aindústria recuou 7,4%. Isso é uma queda forte num setorimportante.”

Oeconomista disse que o que está ocorrendo agora na indústriapode se refletir “com um certo retardo” em outros setores,como agropecuária e serviços. “Isso quer dizer que,na frente, teremos um cenário que pode trazer maiorrecuo do nosso PIB [soma de todos os bens e riquezas produzidos nopaís].”Uma tendência positiva na indústria no primeirotrimestre deste ano era esperada pelos economistas.No entanto, com os números apresentados pelo IBGE, aperspectiva positiva passou para o trimestre seguinte. “Infelizmente,é de se esperar que ainda neste trimestre a indústriatenha resultado negativo. Talvez no segundo trimestre alguma coisacomece a melhorar para a indústria, mas os outros setoresainda vão espelhar um pouquinho os efeitos dessa crise”,afirmou o economista.Rogério César aponta aretomada dos investimentos produtivos como saída para opaís evitar um possível agravamento da situaçãoeconômica. Para isso, disse ele, a estratégia éestimular, apostar no Programa de Aceleração doCrescimento (PAC), investindo prioritariamente na construçãocivil e na habitação e usar a política monetáriaadequada. “Essesdois setores têm de ser privilegiados neste momento para puxara economia. E política monetária ainda pode atuarbastante. A taxa Selic [taxa básica de juros da economia]ainda é muito alta.”

Ele defende queda de 2 pontos percentuais na taxaSelic, atualmente em 12,75%. O novo percentual vai ser definido na reunião de hoje (11) do Comitêde Política Monetária (Copom) do Banco Central. “Arealidade brasileira pede uma taxa bem mais baixa. Dois pontospercentuais seria algo condizente e viável neste momento.”