Banco Central reduz os juros para 11,25% ao ano

11/03/2009 - 20h04

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Selic passou de 12,75%para 11,25%, refletindo o que vários economistasentrevistados ontem (10) pela Agência Brasil haviamapontado: a queda de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no últimotrimestre de 2008, em relação ao trimestre anterior,divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), levaria a uma redução ainda maior da Selic."Avaliando o cenário macroeconômico, o Copom decidiu, neste momento, reduzir a taxa Selic para 11,25% a.a., sem viés, por unanimidade. O Comitê acompanhará a evolução da trajetória prospectiva para a inflação até a sua próxima reunião, levando em conta a magnitude e a rapidez do ajuste da taxa básica de juros já implementado e seus efeitos cumulativos, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", diz a nota do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.Na últimasegunda-feira (9), o boletim Focus, do BC, que mostrasemanalmente projeções de analistas de instituiçõesfinanceiras sobre os principais indicadores da economia, divulgou queos analistas de mercado previam uma redução de 1 pontopercentual. A reduçãofoi de 1 ponto percentual na reunião anterior, em janeiro. Naatadessa reunião, o comitê indicou que iniciava umprocesso de flexibilização da políticamonetária, ou seja, de redução dos jurosbásicos.A taxa de juros éo principal instrumento que o BC tem para controlar a inflação.Se os juros caem, a população tem maior acesso aocrédito e consome mais, com possibilidade de pressionar ospreços. Mas, como a demanda por consumo está baixaem todos os países, e os preços das principaiscommodities, produtos básicos com cotaçãointernacional, também estão em baixa, os analistas demercado não vêem sinais de eventuais pressõesinflacionárias.Essa é uma das razõespela qual o gerente executivo da Unidade de Política Econômicada Confederação Nacional da Indústria (CNI),Flávio Castelo Branco, entende que o colegiado de diretores doBC “tem espaço para acelerar” a redução dataxa básica de juros. Segundo ele, essemomento propício se dá principalmente porque “o riscode queda na economia é bem maior que o risco de aumento dainflação”. Como exemplo, ele citou a queda doPIB.Como a inflação está sob controle,com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) seencaminhando para o centro da meta de 4,5% no ano, a maioria dosanalistas ouvidos todas as semanas pelo BC já diagnosticavaaumento do ritmo de reduções da taxa Selic. Oeconomista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, lembrou que,assim, a expectativa do mercado evoluiu para a aposta de corte mínimode 1,5 ponto percentual depois do anúncio de queda do PIB, navéspera do segundo dia da reunião do Copom.Apesardas pressões, principalmente por parte dos trabalhadores, quequerem garantir seus empregos, e dos empresários, que torcempor ventos favoráveis aos investimentos planejados, asreuniões do Copom são sempre cercadas de incertezas, emespecial por causa da posição conservadora do BC. Issoporque a redução da Selic diminui a atratividade dasaplicações em títulos da dívidapública.Em contrapartida, o país economiza nosjuros sobre a dívida pública imobiliária federale “sobra” um pouco mais de dinheiro para investimentos no setorprodutivo. Esse, aliás, é um dos argumentos dosempresários para pedir ao Copom que reduza as taxas, quecontinuam as mais altas do mundo. Além disso, juros menores nomercado financeiro também favorecem a migraçãode recursos da renda fixa para a Bolsa de Valores.