Adolescentes indígenas do Amazonas vão receber orientações sobre DST no idioma tukano

11/03/2009 - 17h32

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Até o fim deste mês, adolescentes indígenas de pelo menos 13 comunidades localizadas no extremo noroeste do Amazonas vão receber uma orientação especial a respeito de temas relacionados a doenças sexualmente transmissíveis (DST) e aids. Essas informações estarão em uma cartilha traduzida para o idioma materno desses povos: o tukano. A publicação foi produzida pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (Oela) e Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas (Susam), com financiamento do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef). A tradução do português para a língua indígena foi feita por índios da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).A cartilha sobre DST e aids na língua tukano foi lançada no último dia 6, durante a 1ª Oficina de Formação de Multiplicadores em Direitos Indígenas, DST/Aids e Valorização da Vida, realizada em São Gabriel da Cachoeira – município com maior população indígena do país. A oficina, realizada pelas mesmas instituições envolvidas na produção da cartilha tukano, teve como objetivo treinar um grupo de 40 adolescentes indígenas com objetivo de torná-los multiplicadores das informações recebidas em suas aldeias. Ao longo desta semana, os jovens participantes retornam às comunidades de origem, onde vão dar início ao trabalho de divulgar as informações recebidas em São Gabriel.De acordo com a representante da Foirn, Deuzimar Dessano, os participantes são alunos de escolas de ensino fundamental e médio que trabalham com a língua materna dos indígenas. Nessa região, devido à grande diversidade de povos indígenas, existem três línguas distintas: tukano, nhengatu e baniwa. Cada estudante ficou responsável pela multiplicação das informações por meio de oficinas e atividades interdisciplinares. Trinta cartilhas foram distribuídas para as aldeias. O material tem 16 páginas e é ilustrado.“A oficina foi o primeiro passo para orientar esses jovens indígenas com relação às DSTs e a aids. Agora, eles vão levar os conhecimentos aprendidos para os outros colegas. Queremos contribuir para que eles tenham mais conhecimentos sobre esses assuntos e se previnam contra doenças sexualmente transmissíveis”, declarou Deuzimar, em entrevista à Agência Brasil.Para a adolescente Patrícia Penado, 16 anos, a participação na oficina foi fundamental para o aprendizado sobre as possibilidades de prevenção. Ela é da etnia Baré e diz que, a partir de agora, terá a missão de levar esses conhecimentos para outros jovens.“Na minha comunidade não se fala muito sobre doenças sexualmente transmissíveis e aids, por isso foi importante eu vir para cá, ver todas essas coisas, e voltar para casa com muitas coisas importantes para meu povo.”De acordo com a Coordenação do Programa DST/Aids em São Gabriel da Cachoeira, 269 casos de DST foram identificados no município em 2008. Antes de 2004, foram notificados quatro casos de HIV; desde então, nenhum outro exame realizado no município apresentou resultado positivo para aids.