Estudantes reivindicam “auxílio-permanência” para bolsistas do ProUni

09/03/2009 - 22h40

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A democratizaçãodo acesso ao ensino superior é citada por quase todos osbolsistas e especialistas em educação como o maioravanço trazido pelo Programa Universidade para Todos (ProUni). Desde 2005, mais de 430 mil estudantes de escolas públicas erenda familiar per capita inferiora três salários mínimos ingressaram em umauniversidade privada por meio do programa, e todos os entrevistadospela Agência Brasil demonstram satisfação pelo resultado. Entretanto, eles também têm sugestões de melhorias parao ProUni. A principal delas é a criação de um“auxílio-permanência” para os universitários bolsistas.Segundoa presidente da União Nacional do Estudantes (UNE), Lucia Stumpf,muitos estudantes que conseguem uma bolsa de estudos por meiodo ProUni acabam não concluindo o curso, pois não têmcondições de arcar com custos de transporte,alimentação ou com a compra de livros e materiais.“Mesmoconseguindo uma bolsa integral, na mensalidade, o estudante daperiferia não consegue pagar sua condução, umlanche na cantina que é caro. Ele precisa deum apoio, uma bolsa capaz de subsidiar, não só amensalidade, mas também a sua condução ealimentação”, disse.Abolsista recém-formada, Camila Correia dos Santos, 25 anos,confirma a dificuldade dos bolsistas em se manter na universidade.Durante os quatro anos em que cursou Odontologia na UniversidadePaulista (Unip), ela pagou o transporte e os de R$ 10 mil emequipamentos odontológicos com o que ganhou como operadora detelemarketing e com a ajuda da mãe.“Minhamãe me ajudou muito. Ela vendia tempero, feijoada, tudo parame ajudar a pagar a faculdade”, lembra ela, que conseguiu subsídiode 100% das mensalidades do curso. “Uma ajuda seria importante. Setivesse conseguido, poderia não ter passado por váriossofrimentos.”BrunoSilva, 21 anos, bolsista no curso de Jornalismo, pede a reduçãoda burocracia. De acordo com ele, muitos estudantes que cumprem osrequisitos para conseguirem as bolsas acabam não sendocontemplados, pois não apresentam os documentos exigidospelo governo federal. “Muitas vezes, sobraram bolsas por causa daburocracia”, disse.Jáa pesquisadora Leda Maria de Oliveira Rodrigues, da PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pedemudanças mais profundas. Para a pesquisadora, o ProUni acaba priorizandoo ensino superior privado e deixa de lado o público. “OProuni é tampar o Sol com a peneira. Porque nãoinvestir na escola e na universidade pública?”Asecretária do Ensino Superior do Ministério da Educação(MEC), Maria Paula Bucci, defende o programa e diz que ele atendea um público muito específico e estratégico.Quanto a auxílio-permanência, ela afirmou que o MECestuda formas de evitar a evasão dos bolsistas. Uma delas éaumentar o número de estágios remunerados oferecidospelas próprias universidades.