Repasse do BC ao Tesouro pode reduzir dívida pública em até 13,7%

09/03/2009 - 21h23

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Caso seja utilizado de uma só vez no abatimento da dívida pública, os R$ 185,35 bilhões repassados hoje (9) pelo Banco Central ao Tesouro Nacional darão uma folga importante para o caixa do governo. O dinheiro extra reduz a necessidade de o Tesouro emitir dívida para financiar as contas e permite escolher taxas e prazos menos dispendiosos para os cofres públicos.A quantia representa 13,7% da dívida pública federal, que encerrou janeiro em R$ 1,352 trilhão, segundo os últimos dados disponíveis. Esse valor engloba tanto a dívida interna em títulos como a dívida pública externa. Caso o valor transferido pelo BC seja utilizado imediatamente no pagamento desses débitos, a dívida cai para R$ 1,166 trilhão.O Ministério da Fazenda, no entanto, não especificou se o dinheiro do repasse será usado de uma só vez ou gradualmente no pagamento antecipado de dívida pública. Segundo fontes do Ministério da Fazenda, o dinheiro cairá na conta do orçamento reservada ao pagamento da dívida, mas o abatimento imediato ou em parcelas depende da estratégia de administração das contas públicas.O repasse é resultado do lucro de R$ 10,2 bilhões do Banco Central (BC) no segundo semestre do ano passado e do resultado positivo de R$ 171,4 bilhões obtido com a valorização das reservas internacionais e com as operações de swap cambial reverso – em que o BC paga os juros e recebe a variação do dólar no mercado futuro de câmbio. O dinheiro sofreu ainda a correção entre janeiro e março, o que totalizou os R$ 185,35 bilhões.Com a desvalorização do real nos últimos meses, os ativos das reservas externas administradas pelo Banco Central passaram a valer mais por causa da disparada do dólar. A alta na moeda norte-americana também reverteu os prejuízos que o BC registrava com as operações de swap cambial.Durante quatro anos, quando o dólar estava em queda, o Banco Central registrava prejuízo com as operações de swap cambial reverso, que na prática funcionam como compra de dólares no mercado futuro. No início de outubro, o BC mudou de prática e passou a realizar o swap tradicional, no qual vende dólares em contratos futuros, mas as operações de swap reverso feitas pouco antes do agravamento da crise financeira garantiram resultado positivo.