Primeiros formandos do ProUni enfrentam dificuldades na busca por emprego

09/03/2009 - 21h58

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O jovem Bruno Silva, 21anos, encerra e inaugura hoje (9) mais um ciclo de vida. Nestanoite, ele recebe o diploma de bacharel em jornalismo. Tambémhoje ele foca toda a atenção para seu próximoobjetivo: “Para este ano, o que eu quero mesmo é conseguirum emprego fixo”, resume ele, atualmente diagramador freelancerde uma revista de compras da zona sul de São Paulo.Bruno é um dos 112mil estudantes que ingressaram na universidade, no início de2005, por meio do recém-criadoPrograma Universidade para Todos (ProUni). Nesta noite, ele se tornaum dos integrantes da primeira leva de bolsistas do ProUni formados e,assim como os outros, pretende entrar para o mercado de trabalho formalbrasileiro.O formando foi um dosestudantes de escola pública e de renda familiar de atétrês salário mínimos per capita contempladoscom um subsídio de 100% do valor das mensalidades de seucurso, na Universidade de Santo Amaro (Unisa), graças à boanota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2004.O bom desempenho na escola, e também na universidade, porém,não garantiram a ele uma possibilidade de trabalho como aesperada, pelo menos por enquanto.Hámuitas vagas em empresas de assessoria de imprensa pararecém-formado. Mas não é isso que quero”,disse ele. “Eu queria fazer um curso para procurar uma vaga nojornalismo impresso, mas ainda não tive como pagar. Vamos verquando vai dar.”Recém-formado em engenharia mecânicaautomobilística pelo Centro Universitário FEI, Lucas deMelo, 28 anos, é outro bolsista que ainda não obteve uma vaga de trabalho em sua área formação. Hoje, ele trabalha como técnicoem uma indústria paulista. “Trabalho na minha área,mas ainda não estou no cargo que gostaria.”Os dois estudantes são apenas exemplos que fazem parte de um universo ainda maior, de acordo com levantamento feito pela educadora Leda Maria de Oliveira Rodrigues, da PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Apesquisadora acompanhou o ingresso dos bolsistas do ProUni no mercadode trabalho e observou as dificuldades extras que esses estudantes têmpara conseguir um emprego. “Existem diferenças sociais eculturais que acabam sendo um obstáculo para esses estudantes vindos da escola pública”,conclui.Apresidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), LuciaStumpf, acredita que outros fatores, como a falta de umaformação complementar, também dificultam ainclusão dos bolsistas no mercado. “De fato, apesar dodiploma, o bolsista do ProUni tem diferenças que os tiram dosmelhores empregos. O bolsista não tem curso de especialização,não fez um curso de línguas, e isso é umadificuldade.”Para ela, a extensão da bolsa do Prouni para curso depós-graduação reduziria os obstáculos. A proposta é uma das sugestões demelhorias para o ProUni feitas pela UNE ao Ministério da Educação (MEC).Asecretária de Educação Superior do MEC, Maria Paula Dallari Bucci, entretanto, não acredita nasdiferenças. Segundo ela, com um diploma universitário na mão, a empregabilidade também cresce. Se os bolsistas do Prouni têm maisdificuldades em encontrar um emprego, disse ela, isso ainda deve ser verificado empesquisas mais detalhadas sobre o assunto.Maria Paula afirmou também que, por enquanto, está descartada aextensão do ProUni para pós-graduação ou para outros cursos. "Não podemos tirar o foco do programa.""Iria ajudar muito", discorda Bruno, o bolsista e formando da noite.