BNDES já dispõe de R$ 4 bilhões para investir em saneamento

09/03/2009 - 19h23

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A carteira de saneamento do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) alcançaR$ 4 bilhões, dos quais cerca de dois terços deverãoser realizados ainda este ano, disse hoje (9) à AgênciaBrasil o diretor da Área de Inclusão Social doBNDES, Élvio Gaspar. O volume de dinheiro, no entanto, não ésuficiente para atender a meta de investimento previsto no Plano deAceleração do Crescimento (PAC).

“O PAC fez uma ofertainicial de R$ 10 bilhões por ano. Ou seja, ele ofereceu fazerR$ 40 bilhões entre 2007 e 2010”, afirmou. De acordo comGaspar, deve haver, atualmente, em torno de R$ 29 bilhões emprojetos já contratados. Faltaria então cerca de R$ 11bilhões para cumprir os contratos até 2010.O diretor do BNDES entende que osaneamento não deve ser tratado como uma questão degoverno, nem de saúde pública ou meramente econômica,“mas como uma questão estratégica, de Estado. OEstado brasileiro percebe que, para o seu desenvolvimento, para queele mude de patamar, tem que prover essas condiçõesmínimas de vida para a população. “Esse é um indicador civilizatório, indica o grau deevolução de uma sociedade”, disse.

Para o diretor doBNDES, essa percepção é fundamental para que oprocesso de investimentos no setor não sofra interrupçãoao final do Programa de Aceleração do Crescimento(PAC), em 2010, afirmou. O plano elaborado pelo Ministério dasCidades, e que serviu de base para o PAC, estimou que cominvestimentos de R$ 10 bilhões por ano, a partir de 2007, oBrasil atingiria em dez anos a universalização dosserviços de água tratada para toda a populaçãoe, em 15 anos, a universalização da água e dacoleta e tratamento de esgoto.

Segundo Gaspar, o BNDESestá disponível para colaborar com os investimentos naárea do saneamento. O banco pretende ampliar a carteira definanciamentos, utilizando linhas auxiliares para atingir maisrapidamente esse objetivo, por meio de estímulos àparticipação do capital privado.

“O setor desaneamento é rentável, mesmo com subsídiocruzado, porque o que se deseja é que todo e qualquer cidadãotenha acesso à água, à coleta e tratamento deesgoto e de lixo”. Nesse tipo de subsídio cruzado, aquelesque podem pagam mais e aqueles que não podem pagam menos.

Élvio Gasparexplicou que a lógica do subsídio cruzado já épraticada nas grandes cidades. Por isso, assegurou que “épossível atender a toda a população brasileira,em que pese as desigualdades financeiras dela, com subsídiocruzado e, ainda assim, ser rentável o negócio”. Issopermite que o governo possa atrair capitais privados como elementoauxiliar, uma vez que no saneamento o principal é a açãopública.

Segundo ele, énesse espaço e na atração de recursos privadosque o BNDES pode vir a ampliar a sua ação. O banco jáatua de forma auxiliar à Caixa Econômica Federal na áreade saneamento, no PAC.