Em São Paulo, feministas protestam contra violência e crise e pedem legalização do aborto

08/03/2009 - 17h36

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Em manifestaçãorealizada hoje (8) nas ruas de São Paulo, militantes domovimento feminista lembraram o Dia Internacional de Luta dasMulheres pedindo soluções para a crise econômicamundial e a legalização do aborto.“Não foram as mulheres que causaram acrise desse sistema capitalista e machista. Não somos nósque controlamos essa dinâmica e não somos nós quedevemos pagar por ela”, disse a pesquisadora da Universidade deCampinas (Unicamp) Mariana Cestari, uma das coordenadoras damanifestação. Segundo ela, o movimento feminista lutahoje para que, apesar da crise econômica, o governo federalconsiga desenvolver políticas para manutenção daestabilidade do emprego. “Temos muito ainda a conquistar nesse universode desigualdade em que vivemos no país”, afirmou acoordenadora estadual da União Brasileira de Mulheres, RosinaConceição de Jesus, em entrevista à AgênciaBrasil. Presente à manifestação, azeladora Carmen dos Santos, que usa cadeira de rodas para selocomover, considerou a data importante por marcar a luta dasmulheres por seus valores. Para Carmen, a grande luta da mulherbrasileira, nos dias de hoje, é a questão da violência.“A violência dos homens, dos maridos. As mulheres têmque lutar por esse direito para terem mais valor.” Combatida pela zeladora, a violência foi oprincipal alvo de protestos na manifestação feminista.De acordo com Mariana Cestari, uma mulher é espancada a cada15 segundos no Brasil, e 70% dos casos ocorrem dentro de casa.“Estamos nas ruas para denunciar e para encorajar as mulheres adenunciar a violência e para reivindicar políticaspúblicas amplas de combate à violência”, disseela. “Mesmo com toda essa luta, a gente ainda nãoconseguiu superar isso [a questão da violência contraa mulher]. A Lei Maria da Penha é uma dessas grandesconquistas, mas ainda precisa ser de fato aplicada”, disse Rosina. Apesar de as mulheres terem sido maioria namanifestação, muitas crianças e homensacompanharam a caminhada. O sociólogo e professor Rodrigo deCarvalho, que carregava o filho Francisco no colo e acompanhava amulher, participou da caminhada porque também defende igualdade de condições entre homens e mulheres. “Acho que o principal problema da atualidade[para as mulheres] continua sendo o trabalho. Hoje , temosmais universitárias, mas isso não se reflete, porexemplo, no mercado de trabalho. Nem nos salários, porquenormalmente existe uma redução do salário dasmulheres”, afirmou. A passeata, que teve início na AvenidaPaulista e terminou com um ato em defesa da legalizaçãodo aborto no Parque Ibirapuera, atraiu cerca de mil pessoas, segundoestimativa da Polícia Militar. Aos 72 anos, a dona de casaPiedade Maria dos Reis era uma delas. Ela disse que, apesar da idade,“não se entrega” e continua lutando pela causa dasmulheres.