Discriminação de gênero é difícil de tratar, afirma juíza

08/03/2009 - 19h54

Da Agência Brasil

Brasília - A juíza do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Amini Haddad, disse que a discriminação de gênero, além de não ser amparada pela Constituição brasileira, é muito difícil de tratar, pois é vista com naturalidade. Segundo ela, que écoordenadora de Direitos Humanos da Associação Mato-Grossense dos Magistrados, “a realidade é muito diferente das declarações de direito”.  As mulheres, disse Haddad, representam mais de 60% dos alunos nas universidades e ainda não conseguiram alcançar o mesmo espaço doshomens. Para seguir o exemplo dos Estados Unidos, que emjaneiro promulgou a lei que garante os mesmossalários para homens e mulheres, o estado deMato Grosso desenvolveu uma iniciativa popular denominada Lei daIgualdade. “Essa iniciativa partiu da Coordenadoria de Direitos Humanos e quer angariar 1 milhão deassinaturas por todo o Brasil”, afirmou Amini. O objetivo égarantir que as mulheres tenham asmesmas oportunidade que os homens. “Nós[mulheres] temos menos de 10% de representantes no Senado. Nãotemos na história uma presidente da República. Nos tribunais, a composição também beira os 10%”, acrescentou. Amini acredita que adiscriminação das mulheres ocorre ainda na esfera privada, poiselas recebem salários diferentes e não ocupam altos cargosnas empresas. Para a juíza, adesigualdade não ocorre apenas no Brasil, mas é umproblema cultural presente em vários países. Amini lembrou que acomunidade internacional tem tratado o assunto em convenções como a das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (Cedaw, a sigla em inglês).