Setores exportadores lideram desaceleração econômica e demissões, diz economista

06/03/2009 - 1h31

Daniel Lima e Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O principal efeito dacrise financeira internacional no Brasil é a reduçãodas exportações, gerada pela menor demanda externa. Aavaliação é do economista chefe do Bradesco,Octavio de Barros, que participa hoje (6) do SeminárioInternacional sobre Desenvolvimento.“Setores exportadoressão os que lideram a desaceleração da economiabrasileira e as demissões. Há uma relaçãoforte entre emprego e a quantidade exportada pelos váriossetores”, acrescentou Barros. A estimativa do banco éde que haja uma redução de cerca US$ 122 bilhõesna corrente comercial (exportações e importações)neste ano, em relação a 2008. A diminuiçãoprevista para as exportações é de US$ 66 bilhõese para as importações, na ordem de US$ 55 bilhões.“Não há menor dúvida de que o Brasil sofreriaainda se tivesse uma economia mais aberta às exportações”,afirmou.Segundo estimativaapresentada pelo economista, para cada meio por cento de reduçãodo PIB, 350 mil empregos são perdidos. Entretanto, mesmo com acrise, com uma projeção de crescimento da economianeste ano de apenas 0,6%, devem ser gerados no país neste ano200 mil empregos. “Não vamos interromper o ritmo de geraçãode emprego”, analisou.Barros tambémcitou que é a primeira vez no Brasil que a recessão nãovem acompanhada de inflação. “Portanto o desconfortonão é tão grande”. Ele afirmou ainda que osinvestimentos em infra-estrutura são importantes para o paísneste momento. Quanto ao crédito,Octávio de Barros prevê crescimento para 44% do ProdutoInterno Bruto diante dos 41% registrados no ano passado. Ainadimplência das pessoas físicas porém aumentarpara 9,2%, mas Barros considera o fato inevitável numasituação de crise.Embora tenha elogiado a“bancarização” considerada por ele um ato louváveldo governo brasileiro, ele lembra que em momentos de crise nãohá milagres, pois o risco embutido na medida aparece com osíndices de inadimplência.“O sistema financeirobrasileiro também não precisa de financiamento externo.Sessenta por cento do crédito doméstico na Croáciaé externo. Estão com uma situaçãomelancólica”, afirmou.