Lula afirma que tornar o país independente na produção de gás é prioridade

06/03/2009 - 18h34

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Linhares (ES) - Em discursona inauguração da Unidade de Tratamento de Gásde Cacimbas, em Linhares (ES), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (6) que tornar o país independente na produção de gás natural foi uma decisão de governo tomada em reuniões com a Petrobras, mesmo em meio à crise financeira internacional.Lula também anunciou que o mega-campo de Tupi, na regiãodo pré-sal, começará a produzir o seu primeiro óleoem 1º de maio, com o início do Testede Longa Duração (TLD). Anunciado no final de2007 pela Petrobras, o campo de Tupi foi a primeira descobertasignificativa anunciada pela estatal no pré-sal e tem reservasestimadas entre 5 milhões a 8 bilhões de metros cúbicos depetróleo equivalente, óleo e gás. "Nós estaremoslá em Tupi em 1º de maio para tirar o primeiro óleo.É muito importante o que vai acontecer porque nósvamos tirar os primeiros barris de petróleo a seis mil metrosde profundidade", disse. O presidente Lulaadmitiu que a Petrobras chegou a pensar em adiar os investimentosprevistos em seu Plano de Negócios em função dacrise financeira internacional e da dificuldade de crédito,mas que partiu do próprio governo a determinaçãode investir o necessário para tocar os projetos emandamento. "Quando estourou acrise, a Petrobras chegou a pensar em não investir o que estavaprevisto no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], pensou em adiar investimento. Nós chamamos oGabrielli [Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras] e determinamos: nãotem chororô, nós vamos investir cada centavo para que a gentepossa dinamizar a economia brasileira", disse o presidente. Lula lembrou a crisecom a Bolívia, a partir da estatização do setorpetrolífero naquele país, e afirmou que o que pareciaimpossível para "muitos pessimistas" agora, com ainauguração da segunda fase de Cacimbas, já éuma realidade. "Muita gente queria quenós abríssemos guerra com a Bolívia, mas eu nãovia como não entender a realidade da Bolívia e ajusteza da atitude de estatização e de reivindicaçãode um preço justo para o seu gás exigido por Morales[Evo Morales, presidente da Bolívia]". O presidente lembrou que foi convocada uma reunião, no Paláciodo Planalto, para discutir o Plano de Antecipação da Produção de Gás (Plangás) e, a partir daí, ficou determinadoque seria dada prioridade aos investimentos para tornar o país independente na produção de gás natural. "Muita gente acha que éapenas sorte do governo Lula, mas se dependesse apenas de sorte oCorinthians seria campeão todo o ano. As descobertas sãofruto de muito investimento e a Petrobras é hoje, talvez, mesmo nacrise, a empresa de petróleo que mais investe em todo omundo", disse Lula. Ele afirmou que osinvestimentos da Petrobras em seu governo aumentaram, somente noEspírito Santo, mais de 10 vezes. "Eles gastavam R$ 500 milhõespor ano e, hoje, nós gastamos R$ 2,5 bilhõespor ano. É por isso que nos estamos descobrindo mais. Nãoestamos de braços cruzados chorando a crise. Nósestamos trabalhando e investindo." O presidente disse queprefere errar por tomar decisões, muitas vezes por assumirriscos e ousar, do que por omissão. "E essa planta é oresultado da ousadia, da teimosia, porque você nãogoverna nem a sua casa com medo, governar é tomar decisõese eu sou daqueles que prefere errar por ação que poromissão. E foi por essa determinação de investirna busca pelo gás que precisamos que chegará o diaem que direi para o Morales: olha meu amigo, agora vocêé livre para vender o gás para quem quiser." Lula, noentanto, descartou a possibilidade de deixar de comprar o insumodaquele país. "Mas é lógico que nóscontinuaremos a comprar o gás boliviano, até porque nãoqueremos vizinhos pobres. Mas direi isto para que ele saiba que asrelações entre os países são feitas comcooperação e respeito. Aí, o Brasil e a Bolíviadescobrirão que quanto mais em paz nós estivermosmelhor será para os dois". Sobre os planos de independência na produção de gás, Lula relembrou uma frasedita quando assumiu o governo: "Primeiro faremos o necessário,depois o possível e, quando menos esperarmos, estaremosfazendo o impossível. E esta obra [o Pólo deCacimbas] é uma das coisas impossíveis de que estoufalando."