Conceição Tavares vê como vantagem a demora do governo em reagir à crise

05/03/2009 - 17h37

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesarde ter servido como desvantagem para o país num primeiromomento, a falta de agilidade do governo diante da criseinternacional agora representa uma oportunidade para o Brasil tomarmedidas mais agressivas e estimular a economia, enquanto o resto domundo está sem munição. A avaliaçãoé da economista Maria da Conceição Tavares, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-professora titular da Universidade de Campinas (Unicamp). ParaMaria da Conceição, o Brasil foi pouco afetado pelacrise e está em posição mais confortávelque a maioria dos países em meio à deterioraçãoda economia internacional. A economista, no entanto, cobrou mais ousadia dasautoridades econômicas.“Aeconomia está reagindo, mas o Estado está rígido”,disse, em palestra do seminário promovido, em Brasília,pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social paraanalisar a crise. Embora considere tímida a reaçãodo governo nas primeiras semanas após o agravamento da crise,ela disse que essa demora pode ser benéfica para o país.“Seas autoridades tivessem agido com vigor desde setembro, quando acrise se agravou, agora teríamos pouco espaço paraenfrentar a crise”, destacou a economista.Críticadas políticas econômicas ortodoxas, que pregam que ogoverno aumente impostos e economize gastos para pagar os juros dadívida pública, Maria da Conceiçãoadmitiu que a política de superávit primário dosúltimos anos passou a representar uma vantagem em situaçõesde crise.“Nãofosse a política ortodoxa, teríamos crescido mais nopassado, mas agora estaríamos mais vulneráveis”,afirmou. Ela, porém, disse ser contrária a qualquertentativa do governo em economizar mais recursos neste momento. “Diantedo cenário atual, a situação das contas públicasbrasileiras está muito boa e não vejo necessidade deelevar ainda mais o esforço fiscal”, concluiu.