Conceição Tavares chama Banco Central de feudo inimigo e defende redução da Selic

05/03/2009 - 19h03

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A economista Maria da ConceiçãoTavares, professora emérita da Universidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ), classificou o Banco Central (BC) como “feudoinimigo” e criticou a política monetária adotada pelainstituição, que, segundo ela, é baseada emjuros altos. “Ninguém, nenhum país, estámantendo taxas de juros absurdas. O que atrasa é que no Brasiltemos duas nações. Uma amiga, que é a Petrobrase um feudo inimigo, que é o Banco Central”, disse hoje (5) aprofessora no Seminário Internacional sobreDesenvolvimento, promovido pelo Conselho de DesenvolvimentoEconômico e Social (CDES).Maria da Conceição afirmou que o BCatua como um “feudo”, desde o tempo da ditadura, “quando oministro do Planejamento não mandava no Banco Central. Ele selimitava a não cumprir, como ministro”, as decisõesdo banco. Para a economista, as reuniões do Comitêde Política Monetária (Copom) do Banco Central deveriamser realizadas com mais freqüência, reduzindo o intervaloatual de 45 dias entre os encontros, em função da crisefinanceira internacional.Ela defendeu a redução urgente dataxa básica de juros, a Selic. “Somos vítimas de umaideologia conservadora de mais de 20 anos, quando tínhamos oproblema grave de inflação. Isso não existemais. Todos, até mesmo os alemães, se espantam com anossa ortodoxia”, completou.Como forma de minimizar os efeitos da crise nopaís, Maria da Conceição defendeu tambémque o BC obrigue os bancos a expandir o crédito. “Banqueiro é banqueiro, é umaprofissão. Se o BC facilitar, eles agradecem. Se nãomandar banqueiro se comportar, ele não vai se comportar. Anossa estabilidade bancária está ótima. Vem acrise, o governo libera os bancos do compulsório, dámais liquidez, mas os banqueiros sentam em cima do caixa. Mas ogoverno não está obrigando [a emprestar]. Temque obrigar”, ressaltou.