MPF vai investigar uso de recurso público nas manifestações contra a Funai de Dourados

04/03/2009 - 19h54

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Ministério Público Federal (MPF) em Dourados (MS) vai apurar a possível participação de não-índios nos protestos que fecharam por 21 dias a sede regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) na cidade. A investigação foi solicitada pelo procurador Marco Antonio de Almeida e visa verificar, inclusive, se recursos públicos foram usados para financiar as manifestações.Ainda segundo o MPF, possíveis danos ao patrimônio público também serão verificados.Em entrevista à Agência Brasil, a chefe da Funai em Dourados, Margarida Nicoletti, afirmou hoje (4) que acredita na participação de não-índios nos protestos. Para ela, as manifestações foram por políticos e agropecuaristas da região, contrários à demarcação de terras indígenas no estado.“O protesto tem influencia política no sentido de atrapalhar a demarcação”, disse ela. “O agronegócio quer desestabilizar a Funai para atrasar os trabalhos.”A índia guarani-kaiowá Dirce Veron, uma das manifestantes, afirmou hoje que o protesto dos índios é legítimo e não tem influência nem financiamento externo. Ela disse que o protesto recebeu somente algumas doações de empresárias sul-mato-grossenses. “Recebemos algum dinheiro através da ONG [organização não-governamental] Índias em Ação”, explicou ela. “Tudo legalmente, até porque as empresárias deduzem o valor no Imposto de Renda.”Dirce afirmou ainda que está ciente da investigação e já prestou seu depoimento à Polícia Federal. De acordo com ela, todos os manifestantes vão colaboração com a apuração.