Licença do Ibama reavalia exigência sobre lixo nuclear de Angra 3

04/03/2009 - 20h47

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Das 44condicionantes previstas na licença de instalaçãoconcedida hoje (4) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis (Ibama) para a Usina NuclearAngra 3, no Rio de Janeiro, duas tratam do destino que serádado aos resíduos radioativos. O documento dá prazo de180 dias para que a Eletronuclear, responsável peloempreendimento, apresente um cronograma para o projeto dos depósitos.A licençaprévia, emitida em julho de 2008, previa a apresentaçãode solução “definitiva” para o lixo nuclear. Jáo documento de hoje fala em depósitos de “longo prazo”. Deacordo com o presidente do Ibama, Roberto Messias, a soluçãodeverá ser o armazenamento do material em tubos secos,alternativa “nem tão definitiva” apresentada em esboçoda Eletronuclear.“Mesmodepois de utilizado, o combustível nuclear tem potencialeconômico, pode inclusive ser reciclado. É como umalaranja que você já utilizou. Se você podeespremê-la um pouco mais para tirar mais suco, não valea pena jogá-la fora. Temos que manter essa janela deoportunidade. Estamos muito perto de ter a tecnologia de reciclagem[de rejeitos nucleares] no Brasil”, apontou.Os tubosseriam dispostos em áreas ao ar livre, mas a definiçãodos locais de instalação dos depósitos deveráser feita pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnem).Segundo Messias, os depósitos poderiam ser instalados na áreada usina ou mesmo em outros estados. “É preciso avaliar arelação custo benefício. O transporte nãoseria complexo, até porque não seriam grandes volumes.”De acordocom a responsável técnica pela área nuclear doIbama, Sandra Miano, esses tubos podem armazenar o lixo radioativo emsegurança por até mil anos, sem descartar apossibilidade de retirada de parte dos resíduos parareciclagem.“Ostubos tem especificações de blindagem, dimensionamentoe segurança em profundidade”, comentou Sandra. Segundo ela,as estruturas são compostas de camadas de concreto, açoe outros materiais, resistentes inclusive ao impacto da queda de umavião.O projetodefinitivo para os depósitos só será exigidopelo Ibama para a emissão da licença de operação,após a conclusão da obra, prevista para 2014.Alémda exigência para a disposição do lixo, a licençade instalação também prevê condiçõescomo o monitoramento da qualidade do ar na área da usina, otratamento de resíduos líquidos durante a construção,a criação de corredores ecológicos e atéum programa de acompanhamento das tartarugas marinhas que vivem naárea de influência do empreendimento.Tambémforam listadas pelo Ibama sete condicionantessócio-econômicas para atender a populaçãodos municípios vizinhos à usina, entre elas aelaboração de um programa de educaçãoambiental e a assinatura de convênios com hospitais da região.“Estamostecnicamente seguros de que a licença foi dada com correção”, avaliou Messias.O custoestimado para as obras de Angra 3 é de R$ 7,3 bilhões.A usina deve começar a operar em 2014 e terá potencialenergético de 1.350 megawatts.