Grupo de índios ameaça retomar protestos na Funai de Dourados

03/03/2009 - 22h05

Vinícius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O grupo de índios que invadiu, no final de janeiro, a sederegional da Fundação Nacional do Índio (Funai)em Dourados, Mato Grosso do Sul, pode retomar os protestos aindanesta semana. Insatisfeito com as decisões tomadas por líderespresentes à assembléia indígena realizada noúltimo fim de semana em Amambai, no interior do estado, ogrupo deve voltar a acampar em frente à sede da Funai, casonão ocorram mudanças na administração doescritório do órgão.A informaçãofoi dada hoje (3) pela índia guarani-kaiowá DirceVeron, uma das manifestantes. Ela afirmou que o grupo, que representaa maioria dos índios da região sul de Mato Grosso doSul, quer que a chefe da sede regional da Funai, Margarida Nicoletti,deixe o cargo. Caso isso não ocorra e a Funai nãoaceite incluir na administração do órgãoum índio que represente os manifestantes, os protestos emfrente ao escritório serão retomados.“Vamosesperar até quarta [amanhã, 4] ou quinta-feira[5]”, disse Dirce à Agência Brasil. “Jáestamos nos articulando e podemos reunir mais gente do que reunimosda última vez.”Depois das últimasmanifestações do grupo, a entrega de cestas básicase sementes para os cerca de 45 mil índios da região foiinterrompida por 21 dias. Os manifestantes só deixaram afrente da Funai após a Polícia Federal cumprir ummandado de reintegração de posse expedido pelaJustiça.Margarida Nicoletti, que retornou nesta semanaao trabalho na Funai em Dourados, afirmou, também hoje, que aassistência aos índios ainda não foi normalizada.Das 13 mil cestas que deveria ter sido entregues em fevereiro, só7 mil chegaram aos índios. A entrega das sementes e o auxíliopara retirada de documentos também estão atrasados.Ementrevista à Agência Brasil, Margarida disse quenão descarta novos protestos. Ela, porém, ratificou que o grupo demanifestantes não representa a maioria dos índios naregião. “Eles são índios que se deixaram levarpela influência política. A grande maioria dos índiosme trata bem.”O cacique Getúlio Juca de Oliveira, daaldeia Jaguapiru, em Dourados, confirmou o que disse a chefe regionalda Funai. Oliveira ressaltou que na assembléia indígena,da qual também participou, foi discutida a situaçãoda administração da Funai em Dourados. E a assembléiadecidiu pela permanência de Margarida Nicoletti na chefia dafundação. “A gente até pode mudar, mas nãoagora. Tem que ter um motivo”, afirmou ele.