ONG defende discussão mais ampla sobre pedofilia em município paulista

03/03/2009 - 11h17

Elaine Patricia Cruz
Enviada especial
Catanduva (SP) - Os casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes na periferia de Catanduva (SP) devem ser discutidos de forma mais ampla e mais politizada. É o que defende Waldemar Boff, representante do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis (RJ) e da organização não governamental Água Doce Serviços Populares.Ontem (2) ele esteve no município paulista para acompanhar os pais que levaram as denúncias ao senador Magno Malta (PR-ES), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia.Para Boff, os casos de pedofilia em Catanduva não podem ser vistos apenas como violação dos direitos humanos, mas devem trazer à tona uma discussão sobre o que está por trás desse problema. Boff diz que é preciso se discutir por que um crime como esse, que chocou os moradores, ocorreu numa cidade pequena como Catanduva."Esperamos que o caso seja tratado conforme a lei, com todos as agravantes e atenuantes, e que seja politizado. Ou seja, que a cidade pergunte se os conselhos da criança estão funcionando, se os conselhos tutelares estão funcionando, que tipo de políticas públicas eles têm para as periferias, que tipo de amparo às famílias eles têm”, disse Boff."É uma virtude quando se revelam as mazelas para politizar a questão. Por que surge esse tipo de coisa numa cidade? O que não funciona? É a destituição das famílias, que são muito pobres e que se vêem obrigadas a isso, ou são as instâncias públicas que não funcionam?”, acrescenta.Segundo ele, pais de crianças que foram vítimas dos abusos sexuais, a maior parte delas moradoras da periferia, reclamaram que encontraram dificuldade para fazer as denúncias aos órgãos competentes. E a situação só mudou quando ONGs, inclusive do Rio de Janeiro, decidiram entrar no caso."As cidades gostam de exaltar as virtudes e esconder os próprios vícios. E, como em cidades pequenas todos são relacionados minimamente a todos, só entidades de fora, polícia de fora e instâncias maiores que podem resolver casos como esse, senão acaba em pizza", concluiu Boff.