Estudo mostra que agressões são responsáveis pela maioria dos casos de violência

03/03/2009 - 6h58

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Análise do Ministério da Saúde sobre 35 municípios brasileiros mostra que os grupos sociais historicamentemais vulneráveis são também aqueles com maior número de vítimas deagressões. Em um universo de 4.854 registros de pessoasagredidas e atendidas em pronto-socorro, quase 70% das vítimas sãonegras ou pardas, mais de 61% dos casos ocorreram com quem tem até oito anosde estudo (ensino fundamental) e menos de 30 anos (59,6%).Oshomens são as principais vítimas da violência – 72,8% dos casos. Asmulheres, no entanto, são as que mais sofrem com os denominados “maustratos”, a agressão doméstica, crônica e repetitiva, cujo autor é um homem do convívio familiar (marido, pai, companheiro ou namorado). Setentae dois por cento dos casos de maus tratos atingem as mulheres emdiversas faixas etárias. “A mulher é vítima em todos os ciclos de suavida”, diz Marta Silva, coordenadora da área de prevenção de violênciasdo Ministério da Saúde, que lembra a relação de poder e posse queocorre no relacionamento entre os gêneros, pais e filhos.MartaSilva avalia que a violência é um grande problema de saúde pública queestá vinculada a questões econômicas, fatores de risco e comportamento(machismo, homofobia e racismo). Em sua análise, a desigualdade é umaspecto central:  “a desigualdade propicia ter mais violência”, acredita.Ocrescimento desordenado das cidades pode estar gerando um fenômenotambém percebido pelo Ministério da Saúde. Dados acumulados entre 1980e 2006, analisados em outro estudo, revelam a interiorização da violência rumo às regiõesnão-metropolitanas. Nesses 27 anos, o estado de Alagoas registrou amaior taxa de homicídio do Brasil, seguido de Pernambuco e do EspíritoSanto. Entre as cidades, Maceió (AL), Jaboatão dos Guararapes e Recife(ambos em Pernambuco) tiveram as maiores taxas.“As cidadescrescem, mas há uma série de problemas sociais que seguem”, explicaMarta Silva, relacionando a falta de infra-estrutura, a exclusão social,a ingestão de drogas e álcool, a prostituição, o uso de armas e a  migração docrime organizado.As denúncias de violência contra crianças podem ser feitas por meio do Disque 100 e contra mulheres, pelo Disque180. A notificação daviolência nos atendimentos de emergência e urgência é obrigatória eestá prevista em lei (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 10.778, de 24 de novembro de 2003, e Estatuto do Idoso).