Ações de controle e fiscalização respondem pela diminuição do desmatamento, diz Minc

03/03/2009 - 19h48

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, atribuiu a redução do desmatamento na Amazônia entre novembro de 2008 e janeiro de 2009 em relação ao mesmo trimestre do período anterior (2007/2008) a ações de controle e fiscalização. Na avaliação do ministro, o aumento da cobertura de nuvens na região não éa única justificativa para a redução do desmatamento medido pelossatélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais(Inpe). De acordo com levantamento divulgado hoje (3) pelo instituto, em trêsmeses, a Amazônia perdeu 754 quilômetros quadrados deflorestas, queda de 70,2% em relação ao mesmo trimestre(novembro-janeiro) do período anterior (2007/2008), quando oInpe registrou 2.527 quilômetros quadrados de desmatamento. No entanto, a média de visibilidade da região, por causa das chuvas, foi de apenas 25%, o quedificultou a análise feita pelos satélites. Noano anterior, a média de visibilidade da região foi de40%. “O aumento da quantidade de nuvens justifica uma parte da redução. Masa queda do desmatamento é três vezes mais significativaque o aumento da cobertura de nuvens”, calculou Minc.O ministro destacou a confirmação do Maranhão como terceiroestado que mais desmata na Amazônia Legal, dado já apontado em novembropor outro levantamento do Inpe. Minc atribuiu o aumento dasderrubadas na área à presença de carvoarias eindústrias siderúrgicas no oeste do estado, na regiãodo município de Imperatriz.Adelegada da Polícia Federal Fernanda Santos, da Divisãode Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente e o PatrimônioHistórico, creditou o aumento do desmate no Maranhão àmaior repressão da PF e do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no chamado Arco do Desmatamento, nos estados de Mato Grosso, Pará eRondônia.“Quandoaumenta a repressão nas áreas mais críticas aspessoas tendem a buscar locais com menos fiscalização.Ao dificultar a ação desses grupos criminosos na áreaque foi identificada como o Arco do Desmatamento é evidenteque eles vão buscar alternativa em outras áreas paraatuar”, comentou.Adelegada não descartou a possibilidade de criar uma operaçãoda PF específica para combater o desmatamento no estado ouincluir a região na área de atuação daOperação Arco de Fogo. “Isso pode ser estudado. Masindependente disso, investigações específicas,inquéritos, operações menores podem serrealizadas nos estados, inclusive no Maranhão”, acrescentou.Alémdo Maranhão, os mapas do relatório do Inpe para otrimestre apontam desmatamentos principalmente nas regiõespróximas às rodovias federais: BR-364, que liga MatoGrosso e Rondônia, e a BR-163, que passa por Mato Grosso e pelo Pará.Essa última deveria ser implantada de forma sustentável,inclusive com a implantação de um distrito florestal.Questionadosobre a sustentabilidade da rodovia diante dos focos de desmatamentorecente, Minc disse que as garantias ambientais previstas nolicenciamento da obra só estão sendo implementadasagora. “A licença prévia é de 2005 e previa ainstalação de unidades de conservação, oque só está acontecendo agora. Estamos utilizandoinstrumentos de ordenamento territorial, instalamos um portal defiscalização na rodovia e vamos investir recursos doFundo Amazônia no projeto”, justificou.Mincconfirmou a realização de concurso para contrataçãode mais mil fiscais ambientais para atuarem na Amazônia. Asvagas foram acertadas hoje (3) com o ministro do Planejamento, PauloBernardo. “Fizemos um arrastão ecológico paraarrecadar os cargos”, afirmou Minc, ao explicar que nãohaverá necessidade de mudanças no orçamento paraviabilizar as contratações. De acordo com o presidentedo Ibama, Roberto Messias Franco, “o edital já começoua ser preparado”. O Ibama vai ficar com 550 vagas e o InstitutoChico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)com outras 450.