Presidente de CPI da Pedofilia visita Catanduva e quer ouvir crianças vítimas de abuso

02/03/2009 - 21h02

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
Catanduva (SP) - O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia no Senado, Magno Malta (PR-ES), esteve na tarde de hoje (2) em Catanduva, interior de São Paulo, para apurar as denúncias de abuso sexual contra cerca de 40 crianças na cidade. Depois de se reunir brevemente com a juíza da Vara da Infância e Juventude, Sueli Juarez Alonso, para saber mais detalhes sobre o caso, o senador conversou com onze mães de crianças que teriam sido vítimas da rede de pedofilia na cidade. Ele ouviu delas muitas reclamações, desde a dificuldade em fazer a denúncia aos órgãos competentes assim que desconfiaram dos abusos, até as ameaças que estão sofrendo dos agressores e a soltura de um dos presos."Que segurança a gente tem para mandar os filhos para a escola? E ainda desempregada", disse ao senador a mãe de uma garota de dez anos que foi vítima de abuso.A mãe relatou que tentou fazer uma denúncia na Delegacia das Mulheres, mas a delegada da época se recusou a apurar o caso dizendo que era "normal" a filha dela ter sofrido o abuso. A mãe também reclamou do fato de que muitas delas estão desempregadas e que, as que não estão, encontram dificuldades para continuar no serviço, principalmente porque necessitam levar os filhos aos psicólogos e seus empregadores se recusam a aceitar os atestados médicos que apresentam.Depois de ouvir as reclamações das mães, o senador disse que pretende enviar um ofício ao prefeito da cidade pedindo reforço para a segurança das famílias. Malta também afirmou que pretende falar ainda hoje com o governador de São Paulo, José Serra, e o secretário estadual de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, para tratar das denúncias e pedir o reforço do policiamento na cidade. Na próxima semana, segundo o senador, uma comissão da CPI deverá voltar a Catanduva para ouvir as crianças vítimas dos abusos e os acusados pelos crimes."Vamos ter dois ou três dias de oitivas. Vamoas ouvir pessoas que estão citadas no inquérito e que não apareceram e trazer um grupo de peritos preparados para ouvir as crianças - num chamado "depoimento sem dano". Faremos a CPI a partir do depoimento das crianças. Vamos convidar a juiza para falar à CPI, assim como o Ministério Público e a delegada que fez o primeiro inquérito",  afirmou Malta."Pedófilo é um desgraçado da mesma ordem. Independentemente de ter dinheiro no banco, de ter estudado ou ser analfabeto. Ele é praticante do pior e do mais nojento de todos os crimes", acrescentou o senador.Ele também informou que quer ouvir entre hoje e amanhã o depoimento de um borracheiro, chamado pelas crianças de Zé da Pipa, reconhecido e denunciado por elas e que está preso em São José do Rio Preto. Malta defende a oferta de delação premiada ao borracheiro, que, segundo ele, pode identificar outras pessoas que fariam parte da rede de pedofilia. "Ele é um arquivo vivo que, se não tomar cuidado, vira arquivo morto. Não tenho dúvida de que, se alguém sabe e conhece todos os fios da meada desse imbróglio de Catanduva é ele", disse.