Meirelles defende mais regulação e supervisão do sistema financeiro

02/03/2009 - 18h54

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Opresidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou hoje (2), nacidade do Porto, em Portugal, que a crise financeira mundial apontapara a necessidade de reforço de regulação esupervisão financeira em muitas direções, acomeçar pela melhoria das práticas de gerenciamento deliquidez e pela maior transparência quanto aos riscos inerentesao próprio mercado.Meirelles disse ambém quenão se pode descuidar da supervisão do sistema, quedeve monitorar com mais acuidade o comportamento das instituiçõesfinanceiras, incluindo “preocupaçõesmacroprudenciais” na determinação do capitalregulatório e levando em conta os incentivos criados pelaprópria regulação.Em pronunciamento naReunião Extraordinária de Ministros Ibero-Americanos deFinanças, Meirelles ressaltou que a crise financeira mundialfoi provocada, em parte, pelo “longo período de baixas taxasde juros, alto crescimento global e limitada volatilidade [oscilação]das condições econômicas”.De acordo como presidente do Banco Central, esse ambiente positivo levouinvestidores a expandir a busca por rendimentos, embora tenha havido“deterioração nas curvas de qualidade de crédito”,provocada por “avaliações demasiadamente otimistas epela falta de zelo com as obrigações contraídasà luz do exame dos potenciais riscos futuros”.Odiagnóstico de Meirelles também aponta pecados dosistema financeiro que, no seu entender, criou “estruturas einstrumentos de suporte a maior alavancagem, oferecendo rendimentoscada vez mais altos”. Para ele, tais instrumentos não eramtotalmente transparentes e “mascararam a extensão da própriaalavancagem” e de suas conexões dispersas nas instituiçõese mercados.Meirelles destacou ainda que o comércio denovos produtos financeiros cresceu exponencialmente, ao mesmo tempoque o sistema manteve a demanda por mais associações decapital não-regulamentadas, através da criaçãode veículos de investimento fora de suas demonstraçõesfinanceiras. E essas inovações não tiveram oacompanhamento de técnicas usuais de gestão de risco,acrescentou.A crítica é dirigida tambémaos reguladores, formuladores de política financeira esupervisores de mercado, que, segundo ele, “não agiram paraestancar a excessiva tomada de risco e tampouco levaram em conta ainterconectividade de atividades das instituições emercados regulamentados e não-regulamentados, em parte emfunção de arcabouços regulatóriosfragmentados e restrições legais sobre compartilhamentode informação”.Em resumo, disse ele, asfragilidades regulatórias começaram pela falta desupervisão quanto aos riscos sistêmicos: reconhecido umaumento exagerado na alavancagem e nos preços dos ativos, nãohouve ação coordenada para atacar suas implicações;e falta de supervisão quanto às associaçõesde capital desregulamentado: bancos de investimento, fundos de hedgee de private equity, além de diferentes instrumentos desecuritização não-visíveis em demonstraçõescontábeis, que cresceram desproporcionalmente em importância.