Brasil participa de consórcio global que irá mapear solos do planeta

02/03/2009 - 19h45

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Nos próximos cinco anos, pelo menos 80% dos solos dos cinco continentes deverão estar mapeados por um consórcio global.O objetivo é disponibilizar informações para que os países consigam superar os problemas enfrentados na área de solos.A Embrapa Solos, vinculada à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vai liderar o trabalho na América do Sul e Caribe, ao lado do International Center of Tropical Agriculture (CIAT).Segundo Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Embrapa Solos e membro do Comitê Executivo Internacional para Mapeamento Digital de Solos, o levantamento terá um alto grau de detalhamento, permitindo obter, a cada quilômetro de solo, informações voltadas às necessidades mais evidentes daquela região do globo num formato apropriado para a tomada de decisões.“Em vez de eu dizer o nome do solo, qual é aquantidade de carbono que ele pode armazenar, qual é o risco de erosão,qual é a disponibilidade de água, eu já vou dar  informaçõesque são mais apropriadas para a tomada de decisão, tanto em termos deagricultura, quanto de mudanças climáticas e monitoramento ambiental”, afirmou a pesquisadora.De acordo com ela, serão utilizadosbancos de dados disponíveis nos países, imagens de sensores, além detecnologias modernas, para mapear o solo numa resolução maisdetalhada, que será disponibilizada em um dado de bancos na internet.O mapeamentoidentificará, por exemplo, a capacidade de retenção de água do solo,sua suscetibilidade ao processo de erosão, além da capacidade dearmazenar carbono, entre outras informações.Maria de Lourdes pesquisadora explicou que, enquanto na África o principal problema éa fertilidade para a produção de alimentos, na Europa, o desafio é acontaminação dos solos e das águas. Já no Brasil, o maior problema é degradação das terras que trazem o risco de erosão.“Cada país, cada continente pode ter umproblema diferenciado, que vai gerando os mapas”, disse.Os pesquisadores pretendem apontar o que é possível fazer para enfrentar esses problemas, visando melhorar as políticas governamentais.O consórcio global, constituído no dia 17 de fevereiro, em Nova Iorque, reúne pela primeira vez instituições de pesquisa e universidades dedicadas a estudos  de solo em torno de uma política global de informações sobre o assunto.A primeira fase, a ser desenvolvida  nos próximos cinco anos, será dedicada à África e à organizaçãode dados gerais e terá patrocínio da Fundação Bill eMelinda Gates.Maria de Lourdes lembrou que o consórcio ainda busca novosfinanciadores para garantir os recursos necessários ao mapeamento de 100% dos solos do planteta.Ela também destacou que o projeto está aberto a pessoase instituições que queiram participar dos estudos. “Qualquer instituição quetenha informação sobre solos e queira participar é super bem-vinda”.O último levantamento internacional sobre solos foi realizado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), nos anos 70 e 80. Mas, segundo a pesquisadora brasileira, além de estáticas, as informações não foram obtidas a partir de métodos quantitativos e estão muito dispersas.