Cidade do Rio de Janeiro completa hoje 444 anos

01/03/2009 - 10h03

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A cidade do Rio de Janeiro comemora hoje (1º) 444 anos. Segundo a historiografia brasileira, a capital fluminense foi fundada em 1º de março de 1565, por Estácio de Sá. Nesse período, o município teve papel importante no país, sendo a capital federal entre 1763 e 1960, sede do Império Português entre 1808 e 1821 e um estado independente do Rio de Janeiro entre 1960 e 1975, quando então foi chamada de estado da Guanabara.“O Rio é uma cidade com características únicas, tanto no que se refere ao patrimônio natural, que define o perfil da cidade, e o patrimônio histórico, que veio sendo construído nesses 444 anos e que diferencia o Rio de Janeiro de outras grandes cidades no Brasil”, afirma o superintendente de Desenvolvimento Urbano do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), arquiteto Victor Zveibil.O pesquisador afirma ainda que a cidade, apesar de ser considerada “única” por seus atrativos, tem uma série de problemas que precisa enfrentar, sendo alguns específicos do Rio de Janeiro e outros comuns a outras grandes metrópoles brasileiras.Segundo ele, assim como outras cidades brasileiras, o Rio de Janeiro é uma “cidade partida”, com diferentes localidades apresentando realidades socioeconômicas distintas. A metáfora da “cidade partida”, Zveibil explica que se revela nas disparidades não só entre os bairros nobres da zona sul e os bairros pobres das zonas norte e oeste, mas também entre as favelas e as áreas do “asfalto” (não faveladas) dentro de um mesmo bairro.“Esse é o histórico da urbanização brasileira. Você sempre foi concentrando investimentos nas áreas mais privilegiadas da população com maior poder aquisitivo e maior influência política. De uns tempos para cá é que tem havido todo um movimento no sentido de trabalhar o desenvolvimento urbano no que a gente chama de ‘inversão de prioridades’”, conta o pesquisador.Ele indica como principal problema da cidade do Rio de Janeiro o saneamento, tanto no que se refere ao aspecto do sistema de esgotamento sanitário, quanto no que se refere ao lixo. De acordo com Zveibil, o Rio precisa implementar uma rede eficiente de coleta e tratamento de esgoto sanitário para reduzir a poluição dos rios, lagoas e da Baía de Guanabara.No que se refere ao lixo, o arquiteto considera o Rio de Janeiro como uma das metrópoles mais atrasadas do Brasil. “Esse é um problema grave. Comparando com outras grandes cidades, é uma das mais atrasadas na sua forma de tratar o lixo, de não vê-lo como um resíduo que deve ser reduzido, reciclado ou reaproveitado. O resultado disso é que a gente tem uma enorme quantidade de resíduos, que acaba em aterros ou na Baía de Guanabara.”Além disso, Zveibil cita como problemas a expansão desordenada das favelas e a inexistência de um sistema de transporte público eficaz, onde predomina o excesso de ônibus que causa transtorno ao trânsito da cidade.Ele explica que, apesar disso, a cidade tem conseguido executar bons projetos urbanos, como Favela-Bairro, de urbanização das favelas, e agora, recentemente, as intervenções urbanísticas em comunidades carentes, feitas de forma conjunta entre estado, município e União.Outro projeto recente que merece destaque é de revitalização do centro da cidade, iniciado há alguns anos, que já resultou na revalorização da Lapa como uma zona cultural e que, agora, começa a ser levado para a degradada zona portuária do Rio.Para ele, tal projeto deveria ser levado a outras áreas degradadas da cidade, mas, o mais importante seria aprovar, com uma ampla discussão na sociedade, um novo plano diretor para substituir o plano anterior, de 1992.