Funai de Dourados faz mutirão para entrega de cestas básicas retidas em protesto

19/02/2009 - 21h56

Vinicius Konchinski
Enviado Especial
Dourados (MS) - Oescritório regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Dourados(MS) iniciou ontem (18) um mutirão para a entrega de cestas básicas esementes que estavam retidas devido a um protesto que fechou o órgãopor 21 dias. Cerca de 13 mil cestas têm de ser entregues para os maisde 40 mil índios que vivem em 50 aldeias ou acampamentos na região sulde Mato Grosso do Sul.De acordo com Lizandra Chuaiga, servidoraresponsável pelo programa de segurança alimentar da Funai de Dourados,o trabalho para a entrega das cestas básicas deve durar até o final dasemana que vem. “Vamos trabalhar até o fim desta semana, depois paramospor causa do Carnaval, e então retomamos o trabalho”, explicou ela, ementrevista concedida hoje (19) à Agência Brasil.Ontem, afirmouChuaiga, seis aldeias da região foram atendidas. Hoje, outras 11receberam as cestas, entre elas a aldeia de Jaguapiru e do Bororó,ambas em Dourados. Estas duas aldeias estão entre as mais populosas dopaís e abrigam cerca de 13 mil índios guaranis.Getúlio Juca deOliveira, cacique guarani-kaiowá da aldeia do Jaguapiru, afirmou quealguns índios da reserva não recebiam as cestas da Funai há mais de um mês. Como o protesto de um grupo de outros indígenas impediu aentrega das cestas no início de fevereiro, o último auxílio que eles haviam recebido foi o de início de janeiro.“Asituação estava preocupante, e vai ficar mais”, afirmou Oliveira. “Otempo não ajudou na plantação. Este ano a colheita deve ser ruim emuito índio vai passar necessidade.”Ainda de acordo com o cacique,as sementes que a Funai fornece aos indígenas também ainda não foramentregues devido ao protesto. Ele disse que lavouras de arroz eamendoim, geralmente semeadas no início de fevereiro, já não terão a mesma produtividade caso semeadas agora.MarcosPereira, responsável pelo programa de atividade produtiva da Funai,ratificou que a produtividade de algumas lavouras será comprometidapelo atraso na entrega das sementes. Ele disse, porém, que esperainiciar as entregas na semana após o carnaval para que, pelo menos, asplantações de milho e de feijão não sejam prejudicadas.Já oatendimento pessoal dos indígenas na Funai não tem prazo para serretomado. Segundo o órgão, todos os servidores estão envolvidos com a entrega das cestase sementes e só quando o mutirão acabar, os outros serviços prestados serãonormalizados. “A parte jurídica e de documentação está toda parada”,afirmou Chuaiga. “Tem índio nascendo, índio morrendo, e a gente nãopode fazer nada.”