Consolidação de reservas extrativistas é resultado da luta contra desmatamento

21/12/2008 - 18h48

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Vinteanos depois do assassinato de Chico Mendes, a consolidaçãodas reservas extrativistas, que aliam preservação edesenvolvimento de populações tradicionais, é úm dos resultados do trabalho do líderseringueiro, reconhecido com uma das primeiras vozes contra odesmatamento da Amazônia. A avaliação é dopresidente do Instituto Chico Mendes de Conservação daBiodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello.

“Ampliamoso sonho, o que era uma idéia do Chico virou realidade.Avançamos também no modelo: o que Chico Mendes plantounos seringais já chegou ao mar, por exemplo: temos reservasextrativistas no mar.”

SegundoMello, a criação de um conjunto de unidades deconservação de uso sustentável – Resex,Reservas de Desenvolvimento Sustentável e Florestas Nacionais– permite a exploração dos recursos naturaispelas populações que vivem no interior dessas áreas.Mais de 46 mil famílias vivem nessas unidades atualmente.

Melloreconhece, no entanto, que a consolidação das Resexainda precisa avançar e compara os desafios aos chamadosempates, promovidos pelos seringueiros para impedir a derrubada dafloresta. “Amesma luta que o Chico começou lá atrás, nósainda temos que enfrentar. Não é razoávelencontrar boi em reservas extrativistas”, afirmou, em referênciaa focos de desmatamento e de atividade pecuária no interior dereservas.

Oprincipal instrumento para garantir a sobrevivência digna dostrabalhadores com a preservação da floresta – sonho deChico Mendes – segundo Mello, é a valorizaçãoda floresta em pé, para que a preservação tenhamais valor econômico do que o desmatamento.

O presidente do ICMBio apontou, entre as medidasmais imediatas, a definição de preçosmínimos para os produtos extrativistas, para que itens comoo látex da seringueira, castanhas e óleos ganhemcompetitividade e desestimulem a criação de gado, quepressiona o desmatamento da floresta. “Precisamos criar mecanismos de consolidação pararemuneração de serviços ambientais. Isso faráuma diferença significativa para que a pessoa deixe de chamarde mata – de forma pejorativa – e entenda como floresta.”