Índios que apóiam permanência dos arrozeiros na Raposa ainda confiam em decisão final favorável no STF

10/12/2008 - 23h51

Marco Antônio Soalheiro
Enviado Especiall
Vila Surumu (RR) - Únicos na Vila Surumu a assistirem pela TV o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da constitucionalidade da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em faixa contínua, os índios que apóiam a permanência dos brancos na reserva ainda não jogaram a toalha diante do placar momentâneo amplamente desfavorável no tribunal. O pedido de vista do Ministro Marco Aurélio foi recebido pelo grupo como mais uma chance para que os ministros do STF revejam seu posicionamento em relação ao uso da área.“É de se lamentar que os ministros do Supremo não tenham conhecimento de causa. É muito fácil votar com base em documentos, em Brasília. Mas agora chegou o momento de encaminharmos documentos que façam eles reverter o posicionamento, porque esse laudo antropológico é cheio de vícios", afirmou José Brazão, que representa a Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades indígenas de Roraima(Alidici). “O jogo só acaba quando o juiz apita. Por que não podemos pensar em reverter esse quadro?”, acrescentou.Um ponto comemorado por esses índios que acreditam ser possível a convivência com os brancos na área de 1,7 milhão de hectares é a perspectiva de pelo menos um fim de ano sem turbulências na reserva, a partir da nova suspensão do julgamento.“Vamos procurar manter nosso povo em ordem, na paz, sem fazer nenhum tipo de provocação ao lado oposto. Eles também tem que entender e aguardar a posição do ministro Marco Aurélio”, ressaltou Brazão. O certo é os agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança responsáveis pelo patrulhamento da região desde abril deste ano terão que continuar por mais tempo no local para evitar que grupos divididos por uma rua e muitos ideais entrem em atrito.