Manari, cidade com menor IDH do país, é desconhecida em seu estado

04/10/2008 - 21h30

Danilo Macedo
Enviado Especial
Manari (PE) - Manari, no agreste pernambucano, épraticamente desconhecida da população do estado. Não há ônibus diretodo Recife para aquele que, segundo o último levantamento do Programadas Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD), de 2000, tem omenor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.Numa tentativa de encontrar passagem da capital pernambucana para Manari, a reportagem da Agência Brasilchegou a ser indagada algumas vezes, por funcionários de empresas detransporte da Rodoviária do Recife, em qual estado ficava a cidade. Dascinco companhias procuradas, em apenas uma o atendente sabia ondeficava Manari, porque uma rota para Inajá, cidade vizinha, já foi feitapor ele há algum tempo."Mas eles estão certos. Ninguém vai pralá. Eu sei porque já veio outra pessoa perguntar e procuramos no mapa",justifica Manuel Rodrigues de Almeida, o senhor quecoordena a Administração da Rodoviária, o desconhecimento sobre a cidade.Atualmente, quem ousa se aventurar deRecife a Manari sem carro tem uma longa jornada até o destino final.Primeiro, um ônibus até Arcoverde. "Pra chegar lá só tem esse jeito",alerta Manuel Almeida.  Os cerca de 246 quilômetros são feitos emquatro horas em veículo confortável, com ar-condicionado, grandediferencial no agreste nordestino, onde as altas temperaturas chegam acastigar em alguns momentos.Chegando em Arcoverde, é precisocomprar uma passagem até Inajá. Mais 140 quilômetros são feitos em três horas. Essaparte da viagem é feita no aperto. Cada fileira do ônibus tem cincopoltronas. Duas de um lado e três do outro. O corredor entre elas maldá pra passar uma pessoa. Uma catraca na entrada dificulta ainda mais amovimentação de entrada e saída de passageiros, que durante o trajetoacontece várias vezes.A partir de Inajá, faltam apenas mais30 quilômetros, o que não necessariamente significa facilidade de acesso aManari. Os ônibus são em horários muito espaçados. Outro meio detransporte são lotações em camionetes, também em hora definida. Naausência das duas opções anteriores, para os mais apressados, o jeito é apelar a um mototáxi.Capacete é acessório de luxo. "Além dafalta de proteção para a cabeça, placas de identificação da moto epilotos com habilitação também são raros", alertou um policial local. Nofim da jornada, de pouco mais de 400 quilômetros, contando a espera narodoviária de Arcoverde, gastam-se em média dez horas. Não é apenas odesenvolvimento que chega devagar a Manari.