Vereador diz, ao depor em CPI no Rio, que deputado Itagiba se elegeu com apoio de milícia

09/09/2008 - 23h18

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O deputado MarceloItagiba (PMDB-RJ), presidente da Comissão Parlamentar deInquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas,instalada pela Câmara dos Deputados, teria recebido apoio doinspetor Félix Tostes, que comandava uma milícia em Riodas Pedras, na região de Jacarepaguá, no Rio deJaneiro. A denúncia foi feita hoje (9) pelo pelo vereadorJosinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho, ao depor na CPI das Milícias,da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.Nadinho é suspeito de ser o chefe de umamilícia que atua no Rio da Pedras. Ele também éo principal acusado do assassinato do inspetor Félix,ocorrido em 22 de fevereiro do ano passado.Itagiba foi secretário de SegurançaPública no governo de Rosinha Garotinho. Hoje, no depoimento,Nadinho informou que nunca houve, durante a gestão de Itagiba,ação alguma da polícia com o objetivo de contera ação da milícia de Rio das Pedras.O vereador disse ainda que a deputada federalMarina Magessi (PPS-RJ) e o ex-secretário de Segurançado Rio Álvaro Lins – que foi preso e teve o mandato cassado– também fizeram campanhas muito bem sucedidas na regiãode Rio das Pedras.Logo após o depoimento de Nadinho, a CPIouviu o depoimento do vereador Cristiano Girão (PMN), tambémsuspeito de envolvimento com a milícia do bairro. Girão,de acordo com o presidente da CPI das Milícias, deputadoMarcelo Freixo (P-SOL), também confirmou o apoio recebidopelos dois deputados federais no bairro Rio das Pedras.Freixo informou que vai pedir a convocaçãodos dois deputados federais para prestarem depoimento à CPIdas Milícias.A deputada Marina Magessi, disse Freixo, entrou emcontato com a CPI após o depoimento de Nadinho, pedindo paradepor.Freixo revelou que a CPI está levantando omapa da votação de Magessi e Itagiba. “Ainda écedo para dizer se há envolvimento dos dois deputados commilícias, mas precisamos investigar os indíciosexistentes. Por isso, queremos ouvi-los”, disse o presidente daCPI, que desistiu de apresentar um relatório preliminar sobreas investigações ainda neste mês.“Vamos apresentar é o relatóriofinal no dia 15 de novembro, até porque as informaçõesque poderiam servir ao eleitor já foram divulgadas e muitas jáforam confirmadas pelas ações realizadas pela PolíciaCivil e Federal”, disse o deputado.O relatório trará, além domapa com as áreas dominadas pelas milícias no Rio deJaneiro, a lista de políticos que teriam se beneficiado comesses grupos. “Não vamos fazer só um mapa geográfico,faremos também o mapa político das milícias”,adiantou Freixo.No depoimento de hoje, Nadinho confirmou aexistência da milícia em Rio das Pedras, mas negoupertencer à organização."Não tenhoexploração financeira nenhuma em Rio das Pedras. Minhadeclaração de imposto de renda está na internete foi entregue à CPI. Qualquer pessoa, qualquer criançade 10 anos, se for a Rio das Pedras, sabe quem é da milícia,e que eu não sou."O vereador disse ainda que se sente ameaçadode morte pela milícia. “E ele está mesmo correndorisco de morte. Sua casa já foi pichada, mas as ameaçaspodem ter a ver com a suspeita de que ele tenha matado o inspetorFélix”, assinalou Freixo.