Grupos de oposição saqueiam prédios públicos em Santa Cruz

09/09/2008 - 22h03

Da Agência Brasil

Brasília - A oposição ao governo do presidente Evo Morales transformou-se hoje num surto de violência em Santa Cruz de La Sierra, onde grupos de “autonomistas” (defensores da autonomia das municipalidades em relação ao governo central) atacaram e saquearam três prédios de órgãos do Estado. Segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI), antes do meio-dia (horário local) os chamados “unionistas” – grupo de choque financiado pela Prefeitura de Santa Cruz – iniciaram o movimento rebelde com uma marcha pelas ruas do centro da cidade, antes de se dirigirem ao edifício de Impostos Nacionais, na Rua Sucre. Os manifestantes investiram armados de paus, pedras e bombas contra as instalações, mas foram rechaçados por policiais e militares. Porém. voltaram três horas mais tarde e tomaram o prédio, iniciando o saque de equipamentos e a destruição das instalações.

O alvo seguinte foi o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Inra), invadido e saqueado sem dificuldades, já que as forças de segurança se retiraram pouco antes.

O terceiro prédio do governo federal invadido e saqueado pelos manifestantes foi o da Empresa Nacional de Telecomunicações (Entel), ante o total respaldo às ações dos vândalos por parte das autoridades autonomistas, de acordo com a agência ABI.

Em outra ação atribuída aos “unionistas”, a rádio estatal Pátria Nova denunciou ter sido alvo de um atentado a bomba em Santa Cruz. Segundo informações divulgadas pela emissora em La Paz, a capital do país, a bomba lançada por um grupo não identificado destruiu a entrada do prédio, mas a rápida chegada dos bombeiros impediu que o fogo atingisse os equipamentos.

Os atos de violência foram atribuídos pela ABI à União Juvenil Cruceñista, apontada como responsável pela ocupação dos prédios públicos federais em Santa Cruz.

Em outra frente de luta contra os oposicionistas, em La Paz o porta-voz da Presidência da República, Ivan Canelas, acusou os grupos de jovens orientados pelos comitês cívicos e prefeituras que bloqueiam estradas em Santa Cruz de cobrar dinheiro para permitir a circulação da população.

"As medidas de pressão estão ingressando no âmbito da delinqüência, estão extorquindo as pessoas que querem passar pelos bloqueios”, disse o porta-voz do governo. Marcelo Canelas disse ainda que os recursos arrecadados nos bloqueios estariam servindo para financiar os movimentos destes grupos, incluindo a compra de bebidas alcoólicas para os bloqueadores.

Apesar dessas declarações, Canelas deixou claro que o governo não responderá a estas ações com violência, como pretendem os setores envolvidos nas manifestações, de acordo com a agência ABI.