Especialistas consideram que não é vantajoso para o Brasil ingressar na Opep

04/09/2008 - 19h00

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A adesãodo Brasil à Organização dos PaísesExportadores de Petróleo (Opep), que reúne grandesprodutores mundiais, só traria desvantagens ao país, naavaliação do diretor do diretor do Centro Brasileiro deInfra-Estrutura, Adriano Pires.“Os paísesmembros da Opep normalmente têm regimes políticos e graude desenvolvimento econômico que eu não desejo para oBrasil”, disse Pires, lembrando nações como Angola, Nigériae Venezuela. Além disso, ele argumenta que nos paísesmembros da Opep não há mercadoslivres, e a exploração do petróleo éfeita por empresas monopolistas estatais.Ontem (3), oministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que recebeu oconvite do embaixador do Irã para que o Brasil integre a Opep.SegundoPires, atualmente o Brasil não teria condiçõestécnicas de fazer parte da Opep, porque a exportaçãode petróleo é considerada pequena. Mas, de acordo com ele,mesmo que o país tenha condições de exportarmais no futuro, essa possibilidade não deve ser levada emconta.“Mesmo queo Brasil se torne um grande produtor e exportador de petróleoe derivados, não vejo vantagens em entrar nessaorganização”, enfatizou. Ele lembra também queas regras da Opep só funcionam bem quando o preço dopetróleo está em alta. “Quando o preço cai, ospróprios membros não respeitam as cotas”, diz.Já oprofessor de Administração Pública daUniversidade de Brasília (UnB) José Matias Pereiralembra que o Brasil teria desvantagens econômicas seingressasse na Opep, porque a maioria dos países que fazemparte dela são exportadores depetróleo em estado bruto.Segundo ele,o Brasil tem a tecnologia necessária para tirar proveito detoda a cadeia do petróleo e terá mais vantagens nomercado mundial se exportar derivados do produto. “Com a exportaçãoda matéria-prima, o retorno seria pouco significativo. Mas seexportarmos uma matéria acabada, internamente vai agregartecnologia, gerar mais emprego, mais renda”, afirma.Pereiradefende que a decisão sobre o ingresso na Opep não deveser tomada a curto prazo, e acredita que a entrada do Brasilfortaleceria a organização.

De acordocom a Agência Nacional do Petróleo (ANP), no ano passadoo Brasil importou 159,6 milhões de barris de petróleo,a um custo de R$ 11,9 bilhões. As exportaçõesforam de 153,8 milhões de barris, que geraram uma receita deR$ 8,9 bilhões.