Advogado diz que Chicaroni foi vítima de "flagrante preparado" por delegados da PF

07/08/2008 - 21h44

Elaine Patrícia Cruz
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em seu depoimento decerca de cinco horas, hoje (7), ao juiz federal Fausto De Sanctis, em SãoPaulo, o professor universitário Hugo Chicaroni disse que atentativa de suborno ao delegado da Polícia Federal VítorHugo Rodrigues Alves foi “um flagrante preparado” pelo delegadoProtógenes Queiroz, ex-coordenador da OperaçãoSatiagraha.O flagrante resultou naprisão de Chicaroni durante as investigações daSatiagraha. Além dele, a PF prendeu o banqueiro Daniel Dantas,dono do Banco Opportunity, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeitode São Paulo Celso Pitta. Eles foram liberados por determinaçãodo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), mas Chicaroni seguepreso, a exemplo do ex-diretor da Brasil Telecom Humberto Braz.“O delegadoProtógenes se utilizou de sua amizade para preparar umaoperação que deflagrou em sua prisão”, disse oadvogado de Chicaroni, Alberto Carlos Dias. Segundo o advogado,Protógenes e Chicaroni eram amigos há sete anos.“Almoçavam juntos e conversavam amenidades.”O advogado nãosoube, entretanto, explicar os motivos pelos quais Protógenesteria usado Chicaroni para armar a operação. Afinal, oprefessor universário “não tem qualquer relaçãocom o Opportunityu”, acrescentou a advogada Maria FernandaCarbonelli Muniz, também defensora de Chicaroni.“Oque foi esclarecido pelo depoimento de Hugo Chicaroni é quenão houve oferecimento de dinheiro, mas houve, sim, um pedidode suborno por parte dos próprios delegados ProtógenesQueiroz e Vitor Hugo”, disse a advogada.De acordo com oprocurador da República, Rodrigo De Grandis, “Hugo Chicaroniconfirmou que recebeu R$ 865 mil do Banco Opportunity para umdelegado da Polícia Federal a título de propina”.Já DanielDantas, que também prestou depoimento hoje, ficou em silêncio.E, segundo o procurador, “perdeu a oportunidade de oferecer suaversão sobre os fatos ao juízo federal da 6ª VaraCriminal”.Dantas é acusadopela Polícia Federal de liderar um grupo envolvido nos crimesde corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação dequadrilha.