Para desembargador, exame da OAB dificulta acesso ao mercado de trabalho

03/08/2008 - 17h35

Da Agência Brasil

Brasília - Entrar no mercado de trabalho depois de cinco anos de formação. Mas, antes disso, passar na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para ter a concessão do direito de exercer a profissão. Esse é o desafio dos bacharéis de direito de todo o país. Muitos juristas questionam a necessidade do teste. Por outro lado, a OAB defende a prova como uma forma de avaliar os conhecimentos dos estudantes, devido à grande disseminação das faculdades particulares de direito. Para o presidente do Instituto dos Magistrados doDistrito Federal (IMAG-DF), desembargador Valter Xavier, o exame serve para criar uma reserva de mercado, dificultando o acesso dosrecém-formados a oportunidades de trabalho. Para ele, a OAB deveria acompanhar a formação dosbacharéis durante os cursos em vez de fazer umaavaliação após a conclusão da graduação. “Eu vejosimplesmente a defesa de um mercado de trabalho. [São] os advogados maisantigos, que compõem os quadros da OAB [Ordem dos Advogados doBrasil], impedindo a entrada dos mais novos no mercado”, declarouXavier. Segundo o desembargador, o teste feito pela OAB não écapaz de medir com exatidão as habilidades do candidato quepretende advogar. “É praticamente impossível que apessoa consiga saber na ponta da língua o que estudou durantecinco anos”, avaliou Valter Xavier. A presidente da Comissão de Exame de OAB, em nívelfederal, Maria Avelina Hesketh, defendeu a realizaçãodo exame. Segundo ela, como na estrutura judiciária, oadvogado trabalha “no mesmo nível” que o promotor e ojuiz, que são concursados, esse profissional tambémdeve ser submetido a um teste.Ela apontou a baixa qualidade de muitos dos cursos de direitocomo outro fator da necessidade do exame. “Existe uma disseminaçãodos cursos jurídicos de finais de semana, sem nenhumcompromisso com a qualificação do profissional que estáformando”, ressaltou.Ela negou que o exame tenha a finalidade de fazer reserva de mercado,mas seria, de acordo com Hesketh , “um mínimo de garantiaque a OAB tem que ter para chancelar um determinado bacharel emdireito”.