Construção civil ainda registra muitos acidentes de trabalho

03/08/2008 - 18h21

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de não ocupar mais o primeiro lugar entre os setores econômicos com o maior número de acidentes de trabalho, a indústria da construção, no Brasil, mantém elevados índices de ocorrências. Mesmo com os esforços de governo nas três esferas – que resultaram, por exemplo, na revisão das normas de segurança – e de entidades  de classe, o registro de ocorrências, em geral, vem crescendo em termos absolutos.O número de acidentes de trabalho em todos os setores cresceu entre 2004 e 2006 no país, passando de 465.700 para 537.457, segundo o Ministério da Previdência Social. Os dados referentes à construção civil ficaram, nesse mesmo período, em 28.875 e 31.529, respectivamente. O percentual em relação ao total permaneceu igual: 6,2%. Os números de 2007 ainda não foram divulgados.O setor de construção ocupava em 2006 o quinto lugar no ranking dos acidentes de trabalho, atrás de alimentação e bebidas (48.424), comércio varejista (41.419), saúde de serviços sociais (40.859) e agricultura (34.388). Quanto à taxa de mortalidade, ocupava o quarto lugar.Para o engenheiro e consultor do Ministério Público do Trabalho (MPT),Sérgio Antonio, embora a análise das estatísticas deva levar em conta ocrescimento da atividade produtiva, o setor de construção é uma áreaque “necessita de bastante atenção”.De acordo com o consultor, no mundo inteiro, a maior causa de acidentes fatais na construção é a queda de trabalhadores e também de material sobre os funcionários. O segundo fator são os choques elétricos e o terceiro, soterramentos.Em fevereiro deste ano, o carpinteiro Domingos Barbosa da Silva trabalhava em uma obra em Águas Claras, cidade do DF distante 20 quilômetros de Brasília, quando caiu do andaime que ajudava a montar. Segundo ele, a tábua que servia de piso quebrou e, apesar do tombo não ter ultrapassado dois metros de altura, ele torceu o tornozelo direito. Não voltou a trabalhar desde então, passando a receber o auxílio-acidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).Silva já fez parte de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e orientava os companheiros como trabalhar com segurança. “Eu dava conselhos para o pessoal usar capacete, não trabalhar sem cinto de segurança quando estivesse no alto”, alerta o carpinteiro, que no momento em que sofreu o acidente, não usava os devidos equipamentos de proteção individual.Silva afirma que este foi o primeiro acidente que sofreu nos cinco anos em que trabalha em obras de construção civil. “O trabalho na construção é perigoso. Comigo nunca tinha acontecido nenhum acidente, mas sempre há algum caso”, diz o carpinteiro, citando o exemplo de um companheiro que caiu do sétimo andar de um prédio após o cabo da "cadeirinha" ter se rompido.Segundo Silva, é cada vez mais difícil encontrar uma obra em que os empregadores não forneçam os equipamentos de proteção aos trabalhadores. “Agora é lei e o técnico de segurança tem que cobrar. E se o pessoal não tiver o equipamento ideal não pode trabalhar”.