Plano Safra estabelecerá preço mínimo para o feijão, anuncia Stephanes

17/06/2008 - 21h54

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para assegurar o abastecimento e conter a volatilidade nos preços do feijão, o governo criará um preço mínimo para o produto, informou hoje (17) o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Segundo ele, o Plano Safra 2008–2009, que será anunciado no início de julho, estabelecerá preço de garantia para a saca do grão em torno de R$ 90.Com a medida, o produtor poderá vender a saca pelo preço mínimo definido pelo governo, caso o preço esteja abaixo desse valor no período da colheita. Se a cotação for maior, o feijão será vendido diretamente no mercado. Como os custos de produção e de colheita estão em torno de R$ 70, o lucro estaria garantido.De acordo com Stephanes, que hoje à tarde discutiu detalhes do Plano Safra com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o objetivo é impedir que as súbitas variações no preço do feijão traga reflexos sobre a inflação, como ocorreu no segundo semestre do ano passado.“A gente tem de quebrar essa volatilidade do feijão. O feijão, a gente não armazena, não importa, nem exporta e tem ciclo de produção de apenas 90 dias”, destacou. “É um produto totalmente atípico. Se você der um preço de garantia que dá um lucro razoável, você mantém uma capacidade constante de produção”, complementou o ministro.Há cerca de um ano, a saca de 60 quilos estava cotada em R$ 60. Poucos meses depois, o preço caiu para R$ 38, o que afastou o interesse dos agricultores. Com a queda da produção, a cotação disparou para R$ 200 a saca. Atualmente, o preço está por volta dos R$ 150.Stephanes também anunciou que o Plano Safra terá linha específica de financiamento de, pelo menos, R$ 1 bilhão para recuperação de áreas de pastagem. “Nós devemos começar a usar melhor as áreas que temos, principalmente as áreas de pastagens degradadas do que abrir novas áreas para plantio”, justificou.Em relação ao arroz, que tem registrado aumentos crescentes de preços, o ministro da Agricultura apenas disse que estão previstos mais recursos para a formação de estoques. Ele, no entanto, não informou o volume de dinheiro envolvido.A alta do feijão, no final do ano passado e no início deste ano, pressionou a inflação e pôs em alerta a equipe econômica. Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no início de abril, o ministro Guido Mantega expressou preocupação com os preços do grão.“O aumento recente da inflação deve-se a fatores como preços dos alimentos, que subiram por questões climáticas. Se não fosse o feijão, a inflação estaria abaixo do preço da meta”, afirmou Mantega na ocasião.