Bordados e costuras antigas ajudam a gerar renda para artesãs do interior do Rio

12/06/2008 - 20h25

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O trabalho de bordado e costura, que no tempo das nossas avós era considerado  atributo de moças casadoiras, passou  a ser  uma ferramenta de geração de renda para artesãs de Barra Mansa e Pinheiral, no estado do Rio de Janeiro, que participam desta edição da bolsa de negócios da moda Fashion Business. O evento  foi criado em 2003 e já se encontra em sua 12ª edição, com perspectiva de  realizar negócios de R$ 440 milhões somente no mercado nacional.Hoje reunidas em cooperativas, essas artesãs integram o Pólo de Moda Sul Fluminense, situado no eixo Rio de Janeiro/São Paulo/Minas Gerais. O pólo reúne cerca de 200 empresas formais de sete municípios do estado do Rio de Janeiro, que empregam quatro mil trabalhadores.“A gente percebeu essa vocação da região para o artesanato, o que é natural porque nós do interior, quando meninas, tínhamos aquela formação da avó ensinar um bordado, uma costurinha. Inicialmente, isso era cultural. Não era para vender para ninguém”, afirmou hoje (12) à Agência Brasil a coordenadora do pólo, Gisele Mehl.Atualmente, o conceito mudou e as artesãs querem trabalhar com uma coisa que aprenderam geração após geração, inclusive para sustento da família. “Hoje, a gente já não precisa mais bordar para casar, mas passou a ser uma necessidade de renda”.  Mehl acrescentou que para concorrer com a China é preciso que o produto brasileiro apresente um diferencial. “A gente tem que competir  onde a China não entra, que é no trabalho artesanal, de poucas peças, não industrializado em larga escala”.Os produtos de retalhos, de Amparo, em Barra Mansa, e de fibra de bananeira, de Pinheiral, são os destaques no estande do Pólo de Moda do Sul Fluminense, em exposição no Fashion Business edição verão 2009. As empresas do pólo participam da bolsa de negócios da moda desde sua criação. A prioridade das vendas é para o mercado interno. “Hoje, as meninas não estão dando conta das encomendas”, disse Gisele Mehl, assegurando que por isso a exportação não é uma necessidade no momento. “A prioridade é atender o mercado interno, que está super aquecido”, frisou.Outros pólos de micro e pequenas empresas do Rio de Janeiro que se destacam na bolsa de negócios são os de Niterói e de Petrópolis. O primeiro reúne 250 empresas e gera mais de cinco mil empregos, apresentando uma produção diversificada e autoral.O Pólo de Petrópolis, por sua vez, é constituído de 600 indústrias de confecção, responsáveis pela criação de 30 mil postos de trabalho e que faturam cerca de R$ 100 milhões/mês em peças vendidas para todo o país. Nesta edição do Fashion Business, o pólo é representado por 12 empresas. Uma das integrantes do projeto, Eneida Hoelz, destacou que o evento abre para os participantes contato com o Brasil inteiro. Os negócios têm a alternativa de não serem feitos diretamente no local. “Os compradores depois nos procuram. É bom para cidade, para a gente, para todo mundo.”As 12 pequenas confecções presentes na bolsa de negócios empregam 900 pessoas em trabalhos de estamparia, bordado e costura na região. A mão-de-obra artesanal é cada vez mais valorizada, enfatizou Hoelz, assinalando que a procura é grande por peças que apresentem bordados, crochê, paetês. Além do lado social, o pólo enfatiza também o lado da natureza. “É por isso que o mercado está usando novamente o algodão”, afirmou.