Desembolsos do BNDES no primeiro semestre ultrapassam orçamento do banco neste ano

10/05/2008 - 12h16

Alana Gandra e Ivanir José Bortot
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os desembolsosanualizados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES), isto é, registrados em 12 meses,ultrapassarão, no mês que vem, o orçamento deinvestimentos do banco previsto para este ano, que é de R$ 80bilhões. A projeção foi feita pelo diretor da Área Financeira do BNDES, MaurícioBorges Lemos. Nos 12 meses encerrados em abril, as liberaçõesdo BNDES somaram R$ 76 bilhões. Segundo o economista, a expectativa para maio é de que os desembolsos superem R$ 79 bilhões. “Quando chegar 30 dejunho, já teremos ultrapassado os R$ 80 bilhões.” Lemos não quis estimar qual será o totaldesembolsado ao final do exercício, mas garantiu que nãofaltarão recursos do BNDES para suprir a demanda. Do orçamentoprevisto para 2008, a maior parte (cerca de R$ 50 bilhões) jáestaria assegurada. O déficit, avaliado inicialmente em R$ 30bilhões, foi reduzido à metade devido a negociaçõescom o Tesouro Nacional. Lemos disse que mais R$ 5 bilhões já estariam garantidos,mas não detalhou qual seria a fonte desses recursos. Entre asalternativas viáveis para compor o funding, recursos decapital para financiamento de empresas, estão a ampliaçãodo repasse de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), novasdotações do Tesouro, além de captaçõesno mercado externo e também junto ao mercado domésticode capitais. Lemos garantiu, noentanto, que, mesmo com recursos no limite, o orçamento daráconta da demanda. “Vamos fazer um esforço para atender àdemanda. Não vai faltar recurso”, enfatizou. Para isso,admitiu, o banco terá que dar prioridade a setores mais necessitados.“Você pode arbitrar contrapartidas.” Para atender àdemanda, o BNDES poderá reduzir o nível de participação nas operações, sobrando,assim, mais dinheiro, explicou o diretor. Outra opçãoseria aumentar a participação da cesta de moedas. Ouseja, usar uma parte de Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje de6,25% ao ano, que é praticada pelo BNDES em suas transações,e outra de juros de mercado. Esse mecanismo já faz parte dapolítica do banco e pode ser reforçado. Segundo Lemos, oaumento dos juros interfere no custo do financiamento do banco porqueuma parte é custo de mercado. “Se a Selic [taxa de jurosbásica] sobe, e ojuro de longo prazo aumenta, o custo de financiamento do BNDES sobe”,observou.O economista acredita que, com oaumento dos juros, a tendência é as empresas reduzirema procura por dinheiro no BNDES no longo prazo. “A liquidezda economia está apertada. Está faltando dinheiro. Tem muita demanda e dinheiro de menos”, afirmou Lemos, explicando que esse movimentorefletiria mais a política de controle monetário doBanco Central. Lemos reconheceuque, “embora tenha avançado bastante para conseguir funding”,o BNDES estaria ”correndo atrás da demanda”. Isso querdizer que a demanda supera o volume de recursos do banco. Eleconfessou que não esperava que o primeiro semestre registrasseuma procura tão alta por recursos do BNDES, porque,tradicionalmente, o segundo semestre é mais forte. Issoreflete o fortalecimento da economia brasileira, concluiu.