Mulher tem espaço significativo nos movimentos sociais, avalia coordenadora do MST

08/03/2008 - 18h28

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Nos movimentos sociais,as mulheres têm conseguido espaços significativos, commais representatividade e em pé de igualdade com os homens. Aavaliação é de uma das coordenadoras nacionaisdo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marina dosSantos.“Isso se dápela demonstração da liderança, da capacidade,que historicamente as mulheres sempre tiveram”, avalia Marina. Elaintegra o MST há 20 anos, desde quando tinha 14 anos, noacampamento Idema, oeste do Paraná. Já no inícioda sua participação, conta, assumiu tarefas noacampamento. “Sempre fui muito estudiosa, disciplinada e assim fuiconquistando espaço na militância, na liderança,nos espaços de coordenação”, diz, ementrevista à Agência Brasil.Dentro doMST, ela exemplifica, a direção é compostaigualmente por homens e mulheres, em mesmo número e “sem umser vice do outro”. “O processo que a gente tem hoje de paridadeno movimento é uma grande conquista que o MST teve, a partirda conquista das mulheres”, avalia.No movimento detrabalhadores rurais, por exemplo, a dirigente afirma que as mulherestêm uma comissão na Via Campesina Internacional paradebater “a garantia da participação das mulheres,garantir na pauta as políticas públicas que atendam asnecessidades das mulheres rurais como um todo”. Entre ospontos debatidos, estão o acesso à educaçãopública de qualidade, a serviços de saúde e agarantia de acesso feminino à divisão dos lucros dapropriedade rural familiar. Entre os desafios, além daeducação, “que elas se incorporem nos cursos deformação política”, informa acoordenadora.Para Marina dos Santos, a representatividadeobservada nos movimentos sociais não tem se refletido nosespaços formais de poder. “Esse avanço dos movimentossociais é uma forma que nós temos que avançarainda nos espaços institucionais”, afirma.Aassessora parlamentar do Centro Feminista de Estudos e Assessoria(Cfemea) Natália Mori endossa essa visão: “A gentetem uma péssima participação política dasmulheres nos espaços institucionalizados, reconhecidos,enquanto nos espaços da sociedade civil organizada, dosmovimentos sociais, as mulheres estão muito presentes, essetem sido um espaço onde elas têm investido”.Nodizer de Mori, pelo menos três fatores dificultam aparticipação política feminina: valoresculturais, a posição dos partidos e a estrutura dosistema político. “Ainda é muito oneroso para asmulheres se candidatar, ou assumir um cargo, pelo sistema patriarcalque ainda é muito presente na nossa sociedade, queimpossibilita que as mulheres se vejam livres dos afazeres doméstico,por exemplo”, observa.